Setecidades Titulo Coleta de resíduos
Área nobre produz o dobro do lixo gerado na periferia

No bairro Jardim, em Sto.André, índice é de 1,145 quilo por pessoa por dia; já no Jd.Rina, 0,426 quilo

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
14/04/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 Pesquisa feita pela Prefeitura de Santo André por meio do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) para traçar o perfil da produção de lixo na cidade aponta que bairros nobres do município são responsáveis por produzir diariamente o dobro dos resíduos gerados em áreas periféricas.

De acordo com o levantamento – que divide o território de Santo André em 15 setores diferentes –, enquanto a produção diária de lixo nos bairros Jardim e Campestre, onde está concentrada a maior renda per capita da cidade, é de 1,145 quilo por habitante, comunidades periféricas do território andreense, tais como Jardim Alzira Franco e Jardim Rina, mantêm índice de geração de resíduos de apenas 0,426 quilo por dia.

Para se ter ideia, segundo o estudo, a produção de lixo em áreas com renda per capita alta chega, inclusive, a superar a média de geração de resíduos por habitante do território nacional (1,04 quilo) e do próprio município (0,89 quilo).

“O levantamento aponta que quanto maior a renda per capita dos moradores mais alta será a produção de lixo. Desta forma, temos, do outro lado, geração de lixo baixa naquelas áreas mais vulneráveis, onde até mesmo a população costuma reaproveitar mais os itens recicláveis, o que não ocorre em outros pontos da cidade”, pontua José Elidio Rosa Moreira, diretor do departamento de resíduos sólidos do Semasa e um dos responsáveis pelo estudo.

Chama atenção ainda a alta produção de lixo em áreas com grande movimentação de pessoas flutuantes, ou seja, locais com alto índice de comércios e potencial turístico.

Neste caso, destaque para o setor que envolve os bairros Casa Branca e Centro, onde a geração de resíduos chega a ser de 3,490 quilos por habitante. Parque Andreense e Paranapiacaba também aparecem com índice elevado – 1,577 quilo por morador. “São locais com fluxo de pessoas flutuante, que trazem uma geração de resíduos maior”, afirma Moreira.

 

REFLEXO NEGATIVO

Segundo moradores que circulam pela área central da cidade, o resultado do alto volume de produção de lixo é um só: resíduos espalhados por todos os cantos. “As pessoas vêm para o Centro e descartam lixo como se não estivesse na sua casa. A cidade fica feia desse jeito”, avalia a comerciante Lourdes de Lima, 48 anos.

Moradora do bairro Jardim, a bancária aposentada Ruth Maldonado, 59, diz reconhecer a falta de responsabilidade da população com o Meio Ambiente. “Aqui no bairro temos muitos prédios, o que provoca esse alto volume de lixo, mas sabemos que poderíamos ter um índice menor se tivéssemos consciência”, avalia.

Para reverter este quadro, o Semasa diz investir em ações específicas direcionadas a cada bairro com atividades porta a porta, criação de ecopontos e campanhas educativas.

 

Município planeja dobrar número de ecopontos instalados em seu território

 

Na tentativa de conscientizar a população sobre a importância do descarte correto de resíduos, a Prefeitura de Santo André irá dobrar, nos próximos anos, o número de ecopontos instalados em seu território.

Atualmente responsável por gerir 20 equipamentos, a administração municipal reivindica ao governo federal a construção de 20 ecopontos por meio de recursos do Programa Avançar Cidades – Saneamento. A proposta ainda aguarda aval da União.

“No momento, temos entregado os documentos necessários para ter esse aval”, informa José Elidio Rosa Moreira, diretor do departamento de resíduos sólidos do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André).

Segundo ele, no entanto, caso o projeto não seja viabilizado, a Prefeitura de Santo André promete construir com recursos próprios mais seis ecopontos na cidade, sendo dois ainda neste ano. “Se não tivermos aval da União, iremos executar a construção por conta própria de dois equipamentos por ano até o final da gestão”, enfatiza.

Moreira destaca ainda a viabilidade, nos próximos meses, de uma terceira cooperativa de reciclagem da cidade. O espaço deve ser inaugurado até o segundo semestre, em espaço alugado, na região do 2º Subdistrito.

 




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