O grupo da região seguiu em uma caravana a partir da praça Antonio Rodrigues Filho Célio e chegou pela balsa Bororé-Grajaú. A viagem é feita há mais de 50 anos, sempre organizada pelos ancestrais da família Bento, antes mesmo da construção da barragem da represa Billings.
A missa em comemoração ao aniversário da paróquia foi realizada sábado pelo padre Marcos Miranda, pois não foi possível que ela fosse celebrada domingo por conta do aniversário de São Paulo. “Foi uma pena”, disse o comerciante José Bento, 72 anos, filho de Firmino Bento, já falecido e um dos fundadores da igreja.
Firmino ajudou na construção da paróquia, a partir de 1903, quando tinha 14 anos e passou a ser devoto de São Sebastião. “Ele morava em Santo Amaro e trazia tijolos da olaria com um carro de boi, pois não tinha outro meio de transporte”, explicou Paulo Bento, 74.
Para tornar o trabalho mais agradável e chamar a atenção de moradores da região, um artifício foi usado para que o mecanismo do carro de boi cantasse. “Era preciso colocar muito peso nele para que as rodas fizessem barulho. Para isso, também colocavam lenha na caçamba”, lembrou José Bento, 72 anos. O pai dele doou os sinos da igreja, que foram levados de São Paulo para a paróquia no mesmo tipo de transporte. “É sempre bom lembrar dessas histórias.”
Depois do encontro do grupo de São Bernardo, celebrado por uma queima de fogos e com o toque dos sinos, em homenagem à família Bento, o grupo seguiu em procissão com a imagem de São Sebastião, também centenária e recém recuperada por artesãos.
Os fiéis seguiram pela estrada Itaquaquecetuba até encontrarem com outro grupo de moradores da ilha, que faziam uma procissão com as imagens do Sagrado Coração de Jesus e Sagrado Coração de Maria. Entre as rezas, ecoavam os gritos de homenagens às imagens: “Viva São Sebastião! Viva Nossa Senhora! Viva Jesus Cristo”!
Depois do encontro, as três imagens foram levadas para a paróquia, onde um terço foi rezado, além de uma oração improvisada diante da fachada da igreja. Todos de mãos dadas. “As imagens ficarão nove dias na igreja e voltarão a seguir pelas casas da ilha. Chamamos isso de Cenáculo da Virgem”, explicou a moradora da ilha, Sebastiana Domingues, 60 anos. “É muito bom e revigorante voltar para visitar essa igreja, que faz parte da história de meu pai”, disse Paulo Bento.
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