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Sanguessugas: CPI e PF trocam provas
Da AE
26/07/2006 | 00:02
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A CPI das Sanguessugas fechou ontem um acordo com a PF (Polícia Federal) para compartilhar provas e fechar o cerco sobre os parlamentares envolvidos no esquema de compra de ambulâncias superfaturadas com recursos do Orçamento da União. A CPI quer esclarecer como 11 deles receberam os pagamentos, a título de suborno, e ver se pode incluí-los ou não no rol de acusados. Os dados obtidos serão anexados às pastas que a comissão abriu para cada parlamentar investigado.

Durante cerca de uma hora, cinco membros da CPI acertaram as bases do acordo com o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, e os seis delegados que integram a força-tarefa criada pela instituição para investigar o esquema, no inquérito determinado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Integraram a delegação o vice-presidente da CPI, deputado Raul Jungmann (PPS-PE) e os sub-relatores, deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP), Fernando Gabeira (PV-RJ), Júlio Delgado (PSB-MG) e José Carlos Aleluia (PFL-BA).

A PF, segundo relato de Sampaio, comprometeu-se a enviar os trechos dos diálogos interceptados que ajudem a esclarecer o envolvimento de cada parlamentar com a máfia das ambulâncias. “É preciso tirar todas as dúvidas e ver de que forma cada um recebeu os pagamentos, se em dinheiro, cheque ou por terceiro e também como eles interagiam com a quadrilha”, explicou.

Jungmann acrescentou que, com as informações da PF, a CPI espera formar convicção sobre como prefeitura, empresas e organizações do terceiro setor participaram da montagem das fraudes. A CPI constatou a presença de Oscps (organizações da sociedade civil públicas) e ONGs (não-governamentais) na intermediação de muitas fraudes.

Por fim, a investigação do Congresso pretende dimensionar o grau de responsabilidade, por ato ou omissão, de dois ex-ministros da Saúde, Humberto Costa e Saraiva Felipe, citados ao longo das investigações. Foi Felipe, por exemplo, quem contratou como assessora Maria da Penha, principal operadora da quadrilha dentro do ministério.

Para Jungmann, a CPI deve dar atenção especial às Oscips, ONGs e entidades periféricas usadas nas fraudes. “O terceiro setor é uma conquista, mas por falta de controles do Estado, muitas dessas entidades têm servido para irrigação do dinheiro da corrupção”, afirmou.

Gabeira deu como exemplos o instituto IPPS, uma ONG educacional, do Rio, citada no depoimento dos sócios da Planam, Darci e Luiz Antônio Vedoin (pai e filho). A Planam era a empresa que operava a central de fraudes na compra de ambulâncias e equipamentos hospitalares para as prefeituras.

Outra entidade investigada é a BMF Engenharia, que aparece nos autos em duas ocasiões como recebedora de dinheiro da máfia das ambulâncias. “Os Vedoin referiram-se a outras empresas e ONGs do mercado da corrupção e queremos verificar a procedência”, disse o parlamentar. Jungmann informou que mandará uma lista de entidades suspeitas, levantadas na CPI, para a PF dizer quais dos nomes são procedentes.  



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