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Artesanato entra na pauta do Mercosul
Do Diário do Grande ABC
08/07/2000 | 13:54
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O artesanato entrou na pauta das matérias de atualidade. Os países do Mercosul já estudam a criaçao de um selo do artesanato, um dos assuntos da reuniao prevista para este semestre, aqui no Brasil. A Agência de Promoçao das Exportaçoes (Apex) acaba de aprovar o primeiro consórcio de exportaçao de artesanato, criado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pela Uniarte, organizaçao nao-governamental (ONG) do Paraná.

O consórcio iniciará suas atividades com a seleçao de produtos e pesquisa de mercado. Entre 16 e 18 de setembro, o Sebrae do Rio Grande do Sul realizará em Porto Alegre, com expectativa de comparecimento de, pelo menos, 1.500 pequenos e médios empresários brasileiros e do Mercosul, a Primeira Rodada Brasileira de Artesanato, uma vitrine da produçao brasileira no gênero.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre economia informal indicam que 8,5 milhoes de brasileiros - 87% dos quais mulheres - vivem hoje do artesanato e movimentam por ano, segundo levantamento do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, quase R$ 3 bilhoes. Um estudo da Organizaçao Mundial de Turismo, divulgado este ano, indica também que, enquanto a indústria automobilística nacional precisa de R$ 170 mil para gerar um emprego, com apenas R$ 50 garante-se matéria-prima e trabalho para um artesao.

``O artesanato é hoje, talvez, a mais segura opçao de trabalho, operando com independência dentro de um mercado estrangulado pela crise de emprego. Basta verificar o volume de vendas cada vez maior de artesanato, tanto no país, quanto para o exterior', diz Tânia Machado, presidente do Instituto Centro de Capacitaçao e Apoio ao Pequeno Empreendedor (Iccape), de Belo Horizonte.

O barro que a sensibilidade de Raymunda Cícero, de Caicó, no Rio Grande do Norte, transforma em pratos e tachos. As gamelas em argila negra inventadas pelas paneleiras do Espírito Santo. As quartinhas do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. O cotidiano esculpido em argila pelos discípulos de mestre Vitalino. Os panos, bordados e finas teias produzidos pelas rendeiras e tecelas Brasil afora. As casas de passarinhos da baiana Maria Zélia da Silva Cavalcanti ou as velas decorativas da carioca Vânia Magalhaes. Tudo isso pode ser traduzido em emprego e renda. O Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), do Ministério de Desenvolvimento, funciona em todo o território nacional, com projetos visando à organizaçao, capacitaçao e conscientizaçao dos artesaos.

De acordo com Tânia, também presidente da ONG Associaçao de Artesaos Projeto Maos de Minas, central de cooperativas e associaçoes que, em 1999, faturou quase R$ 1 milhao, ``o setor artesanal brasileiro, embora ainda nao esteja organizado, já caminha nesse sentido'. Em maio do ano passado, a Maos de Minas, a Cooperativa dos Artesaos do Rio Grande do Norte, a Federaçao dos Artesaos de Santa Catarina e a Comissao dos Artesaos do Espírito Santo criaram, em conjunto, a Associaçao Brasileira de Artesanato (Abra). ``Queríamos uma instituiçao realmente representativa, capaz de exigir do governo o respeito que o setor merece'.




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