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Pólo Petroquímico vai aderir ao Sanear
Por Roney Domingos
Especial para o Diário
12/09/2000 | 00:01
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As 11 empresas do Pólo Petroquímico de Capuava e a Refinaria de Capuava (Recap) confirmaram segunda que vao assinar um protocolo de intençoes com a Saneamento Básico do Município de Mauá (Sama) garantindo a compra da água industrial a ser oferecida pelo Projeto Sanear - que consiste em conceder à iniciativa privada o tratamento de um terço do esgoto do município e a venda da água de reúso - dentro de dois anos. A empresa será escolhida em licitaçao a ser definida depois das eleiçoes municipais.

O ponto de divergência é o preço do produto e este tema deverá marcar o seminário que será realizado pela Sama no Pólo Petroquímico nesta sexta-feira.

Apesar do apoio ao projeto, os executivos do Pólo Petroquímico afirmam que o preço inicial da água - fixado em R$ 1,50 o m3 - está caro. O assessor para desenvolvimento de novos negócios da Petroquímica Uniao (PqU), Jorge Manuel de Souza Rosa, disse que o preço ideal da água seria em torno de R$ 1.

Rosa confirmou o interesse das empresas em utilizar até 350 litros por segundo da água disponibilizada pelo Projeto Sanear. "Sem qualidade para consumo humano, o líquido poderia atender bem às necessidades industriais e diminuir ou eliminar o uso de água potável nos processos industriais", disse Rosa.

O superintendente da Sama, André Oliveira Castro, afirmou que existe possibilidade de o preço-teto de R$ 1,50 cair. A estatal deve publicar após as eleiçoes e, provavelmente, em novembro, o edital de licitaçao para o projeto. Ele disse que muitas empresas de tecnologia nesta área e escritórios de investimentos nacionais e internacionais estao interessados em detalhes sobre o projeto. Citou duas empresas francesas, uma norte-americana, duas portuguesas e uma inglesa.

A concessionária será responsável pela coleta de esgoto de todo o município de Mauá. Um terço deste volume será tratado para produçao da água industrial e o restante enviado para a Estaçao de Tratamento de Esgoto (ETE) de Sao Caetano do Sul, pertencente à Companhia de Saneamento Básico do Estado de Sao Paulo (Sabesp).

Castro garantiu que os moradores da cidade nao serao penalizados com taxas maiores depois de aprovada a concessao, como vem acontecendo com outros serviços públicos, como estradas e telecomunicaçoes.

Para o gerente de Engenharia da Recap, Antônio Ésio Bresciani, o preço da água e o equacionamento técnico do projeto sao os principais entraves. Ele confirmou que a compra da água para reúso tornaria obsoletos os sistemas de tratamento de água mantidos individualmente pelas indústrias.

Segundo Castro, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal deram sinal verde para o financiamento da maior parte dos cerca de R$ 140 milhoes necessários para o projeto. Mas há possibilidade de que os empreendedores captem recursos externos a juros mais baixos.

De acordo com um dos participantes da elaboraçao do Projeto Sanear, o engenheiro civil especializado em políticas públicas Miguel Zwi, a idéia surgiu da necessidade de investimentos privados em saneamento básico, diante das dificuldades da administraçao municipal em alavancar recursos para esta finalidade.  Zwi nao concorda com o argumento dos empresários de que a água para reúso vai ficar cara. "Dificilmente teriam água com este nível de qualidade. Nao é barato o produto que estao querendo", disse.




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