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Sto.André cumpre TAC de desospitalização

Município é o primeiro do Estado a acolher pacientes que estavam em hospitais psiquiátricos no Interior

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
29/09/2017 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Internada há 38 anos em hospitais psiquiátricos do Estado após uso de múltiplas substâncias, Navã Tomaz, 51 anos, não fez questão de esconder sua alegria na chegada à sua nova casa. “Aqui terei muito mais liberdade”, considera a paciente da Saúde mental, uma dos oito que foram trazidos pela Prefeitura de Santo André do Interior para residir na sétima residência terapêutica da cidade, na Vila Mazzei, inaugurada ontem. Para a simpática mulher, a mudança de endereço é também novo capítulo em sua história.
Com a desospitalização dos últimos oito pacientes internados no Interior, o município se torna o primeiro do Estado a cumprir TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado em 2012 junto aos ministérios públicos Federal e Estadual.
Segundo a secretária de Saúde de Santo André, Ana Paula Peña Dias, o cumprimento do termo só foi possível após árduo trabalho. “Em nove meses de gestão conseguimos cumprir o TAC trazendo de volta 16 pacientes (os oito primeiros em 26 de julho) e fazendo com que Santo André passe a ser referência para municípios do Interior do Estado que ainda nem começaram esse trabalho de desinstitucionalização.”
Com o novo equipamento da Saúde mental, Santo André passa a contar com quatro residências terapêuticas mistas, duas dedicadas exclusivamente a pacientes homens e uma ofertada apenas às mulheres, totalizando 57 pessoas atendidas. Nos espaços, os assistidos dispõem de área de lazer para o desenvolvimento de atividades, além de retomarem a oportunidade de desenvolver tarefas cotidianas, como a organização da casa e o preparo de refeições.
Os moradores fazem ainda tratamento no Caps (Centro de Atenção Psicossocial) de referência e são acompanhados por equipe multidisciplinar. “É uma realidade bem diferente da vivida por eles nos hospitais psiquiátricos, onde eles tinham muitas restrições e condições precárias”, relata Ana Paula.
Para Antônio Sérgio da Silva, 62, a chegada à residência terapêutica será um recomeço. “Aqui tenho amigos e consigo andar livre pela casa. No hospital não fazia isso”, relata.
Já para Navã, mais do que ter um espaço para chamar de lar, a desospitalização corresponde a novo passo para reencontrar a família. “Quero encontrar meus irmãos. Eles moram lá perto do trem”, relata. Enquanto esse tão sonhado dia não chega, ela diz se contentar com a alegria de poder praticar um dos seus principais hobbies, escutar músicas do seu ídolo, Roberto Carlos. “Lá (no hospital) tinha que me trancar para escutar, agora posso dançar e ouvir minhas músicas livremente”, diz ela, emendando trecho de sua canção favorita. “Chegaste. Senti na minha boca um te quero”.

CHM cancela cirurgias por falta de avental e lençóis

Ausência de materiais hospitalares, incluindo avental médico e lençóis de cama, resultou, nesta semana, no cancelamento de cirurgias eletivas programadas para ocorrer no CHM (Centro Hospitalar Municipal) de Santo André, principal equipamento de Saúde de urgência e emergência do município.
Resultado de uma dívida da Prefeitura com a empresa Aqualav, responsável por fornecer itens de hotelaria (lençol, cobertor e fronha) e itens cirúrgicos (roupas privativas e campos cirúrgicos), o cancelamento de cirurgias ocorreu entre segunda e quarta-feira, afetando diretamente pacientes que já estavam internados no equipamento de Saúde para o procedimento.
“Tinha cirurgia agendada para terça-feira. Fiquei de jejum desde às 23h de segunda-feira, mas somente no dia eles informaram que não tinha avental e que teria que reagendar. Agora a previsão é que faça cirurgia só na terça”, relata o cabeleireiro Michel Margoni, 37 anos. O paciente está internado no CHM desde o dia 7 no aguardo do procedimento.
Segundo a Prefeitura, a Secretaria de Saúde já abriu diálogo com a empresa Aqualav sobre o débito referente ao ano passado. “Apesar de a dívida ter sido gerada na gestão anterior, os débitos estão sendo normalizados pela atual administração.”
De acordo com o Paço, os procedimentos cirúrgicos seguem em ritmo normal e “as poucas cirurgias que foram transferidas estão sendo realizadas desde ontem”.




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