O garoto estaria fazendo bagunça no bar e teria quebrado um copo, irritando o segurança, que obrigou Renan e um amigo a deixarem o local. Na calçada, ele executou o rapaz à queima-roupa com a pistola que trazia na cintura. O assassino fugiu. A polícia não revelou a identidade do segurança.

O primeiro tiro, disparado sem razão aparente, foi feito contra o peito de Renan. Assustado, o rapaz que o acompanhava saiu correndo pela avenida. O segurança teria então atirado pelo menos três vezes em direção ao adolescente que fugia, sem acertá-lo.

O segurança, então, se voltou mais uma vez para Renan, que se debatia no chão, e deu um tiro de misericórdia. A bala atingiu em cheio o rosto do rapaz.

Márcio Antônio de Souza, 29 anos, presidiário em liberdade provisória pelo Natal, estava na choperia, onde acontecia um show de pagode, ouviu os tiros e foi ver o que acontecia. Ele acabou baleado na barriga.

O segurança fugiu com a ajuda de um colega da choperia. Até a tarde deste domingo, nenhum dos dois tinha sido preso.

Renan foi levado com vida por uma viatura da Guarda Civil Municipal de São Caetano ao Pronto-Socorro Central da cidade. Ao mesmo tempo, Souza era levado por amigos para o mesmo PS.

Em frente ao hospital, no cruzamento das ruas Rio de Janeiro e Augusto de Toledo, o Opala com Souza bateu de frente com a viatura da Guarda Civil com Renan. Segundo o guarda que conduzia a viatura, o Opala veio na contra-mão em altíssima velocidade. O acidente destruiu completamente os dois carros.

O motorista do Opala, L.B., 20 anos, machucou apenas o pulso. Souza, sem cinto de segurança, bateu a cabeça contra o painel do carro. O choque causou um afundamento no crânio do rapaz. Os ocupantes da Blazer da Guarda Municipal nada sofreram.

Renan e Souza foram levados para dentro do PS por outra equipe de guardas civis. Renan não resistiu aos ferimentos no rosto e no tórax e morreu pouco depois de ser atendido.

Souza foi transferido em estado grave para o Hospital Heliópolis, em São Paulo, onde está internado. Ele ainda corre risco de morrer.

No chão, em frente a choperia, peritos do Instituto de Criminalística encontraram cinco balas de pistola 765, provavelmente a arma usada pelo segurança. Segundo uma das proprietárias do lugar, o segurança trabalhava na choperia há pouco mais de um mês. A mulher, que não quis ter a identidade revelada, garantiu que, durante esse período, não houve qualquer situação de descontrole do segurança. “Parecia ser um funcionário normal, como qualquer outro.”

Até a tarde deste domingo, a polícia sabia apenas o nome e sobrenome do segurança. Uma fotografia do rapaz também foi entregue para os policiais. O trabalho de investigação estava concentrado no vigia que ajudou o segurança na fuga.

Um garoto que estava na choperia conseguiu anotar as placas do Gol utilizado pelos dois para deixar o bar. O carro foi achado no início da manhã em frente à casa do vigia, no Jardim Calux, em São Bernardo.

O rapaz que, assim como o segurança, não teve sua identidade revelada pela polícia, não estava. Durante toda a tarde, ele fez contato com a polícia para negociar sua rendição. Até a noite, ele ainda não tinha se entregado.