Economia Titulo Petroquímica
Exterior pode atrasar fusão entre Braskem e Quattor

Planos de internacionalização da maior petroquímica brasileira podem atrasar compra da americana Quattor

Por Leone Farias
Com AE
29/08/2009 | 07:00
Compartilhar notícia


A internacionalização da Braskem deve influir no andamento da negociação entre essa companhia e acionistas da Quattor - que tem fábricas no Grande ABC.

Maior petroquímica brasileira, a Braskem tem planos de expansão no mercado norte-americano e, por isso, fontes próximas às empresas sinalizam que a companhia pode aguardar o desenrolar das tratativas naquele país para definir o perfil de uma eventual aquisição da concorrente.

Se o acordo com a Quattor sair - as tratativas nesse sentido foram iniciadas, como revelaram as duas empresas no último domingo - e envolver desembolso de caixa, isso poderia atrasar os planos no Exterior, segundo o analista Luiz Otávio Broad, da corretora Ágora.

A Braskem, assim como a Quattor, tem endividamento elevado (na casa dos R$ 7 bilhões no fim do primeiro semestre), embora esteja em situação mais cômoda - sua dívida líquida corresponde a 3,2 vez a geração de caixa, frente a 15,5 vezes o da outra fabricante.

Segundo outra fonte, próxima ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o banco de fomento ainda não foi consultado sobre a disponibilidade de recursos para viabilizar o acerto financeiramente.

O BNDES participou de operações semelhantes, casos das fusões de Sadia-Perdigão e Aracruz-VCP, e por isso é visto como candidato natural a financiar o eventual acordo entre as petroquímicas.

Outra alternativa para obtenção de recursos seria a Petrobras. Sócia minoritária das duas petroquímicas, a estatal poderia injetar capital para amenizar o nível de endividamento da Quattor ou simplesmente ganhar participação no controle dessa possível nova empresa.

No entanto, segundo consultores, o momento não parece propício para a Petrobras elevar participação no segmento, por conta do custo político. Além disso, a Odebrecht não se mostra disposta a perder o poder de decisão sobre a Braskem, da qual detém quase 40% de participação e que seria a empresa determinante dessa eventual fusão. Caso não seja possível manter o controle, a prioridade para a Odebrecht é, ao menos, garantir o controle privado da nova petroquímica, diz uma fonte próxima às empresas.

Enquanto aguarda o desenrolar das conversações, a direção da Braskem mantém o foco nos Estados Unidos. Em entrevistas concedidas nas últimas semanas, o presidente da empresa, Bernardo Gradin, tem destacado que a companhia brasileira pretende aproveitar os efeitos da crise na indústria petroquímica norte-americana para ingressar na principal economia mundial.

A eventual aquisição da Quattor, conforme cogitado no mercado, também pode ser viabilizada pelo agravamento da crise e pelo cenário adverso do setor petroquímico nos próximos anos.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;