Um mistério preocupa moradores de Ribeirão Pires. Há pelo menos um mês cinco gatos e seis cães apareceram mortos na rua José Forte, na Vila Sueli. Os animais apresentavam indícios de envenenamento por chumbinho, que tem a venda proibida.

A dona-de-casa Sueli Rodrigues Guelha, 57 anos, teve quatro gatos mortos no mesmo dia. “Eles subiram no telhado do vizinho e voltaram envenenados”, afirmou. Além deles, Sueli tem mais um gato e quatro cachorros. “Estamos preocupados com os outros animais, agora tenho que ficar seguindo eles para não acontecer de novo.”

Adélcia Bezerra Barbosa, 40 anos, vizinha de Sueli, também sente a dor da perda de um animal de estimação. Há duas semanas, o único cachorro que restara de quatro animais morreu, após comer veneno colocado em pedaço de pão em frente à sua casa. “Ele comeu veneno às 16h e morreu às 19h. Liguei para várias clínicas veterinárias, mas todas estavam fechadas”, disse a dona-de-casa, que não quer ter outro animal até que a pessoa responsável pelo crime seja identificada e penalizada.

A veterinária encarregada do Centro de Zoonoses do município, Eliana Maciel Góes, diz que quando o envenenamento é por raticida, é possível salvar o animal, caso o socorro seja rápido. “Nesses casos, o veneno causa hemorragias, mas há como reverter. Já o chumbinho raramente se consegue reverter o quadro.”  No envenenamento por chumbinho, o animal tem tremores freqüentes, vômito, e formação de um muco amarelado na região do ânus.

Apesar das mortes, os donos de cães e gatos não denunciaram o caso à polícia, nem à Prefeitura de Ribeirão Pires. “Liguei para veterinária e ela disse para ir dar queixa na polícia, mas fiquei com medo de mandarem de volta para casa” lamentou Sueli.

Para a delegada de fiscalização da Uipa de Santo André, Ana Maria Longhin, a atitude dos moradores é questionável. “Essas pessoas têm de parar de se esconder. E se fosse uma criança que comesse o pão com veneno? Só assim tomariam uma atitude?”, criticou. Crimes contra animais estão previstos na lei com penas que vão de três meses a três anos ou pagamento de multa determinada pelo juiz. (Supervisão de Cláudia Fernandes)