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A cada quatro mortes, cinco nascem na região

Relação era de três óbitos a cada cinco nascimentos, entretanto, pandemia alterou o cenário

Flavia Kurotori
DO Diário do Grande ABC
30/08/2020 | 00:01
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Em meio à pandemia de Covid-19, o Grande ABC observa mudanças na proporção entre nascidos e mortos na região. Ainda há maior número de nascimentos do que de óbitos, mas a escala é menor.

Dados levantados pelo Diário no Portal da Transparência do Registro Civil mostram 6.931 nascimentos no Grande ABC em junho, julho e agosto deste ano, enquanto houve 5.650 mortes. A cada cinco nascimentos, quatro faleceram. No mesmo período de 2019, quando 4.550 morreram e 7.891 nasceram, a proporção era de três óbitos a cada cinco novas vidas.

A pandemia pode ser um dos fatores que justificam a mudança no cenário, uma vez que a Covid havia causado 2.121 mortes na região até sexta-feira. Apenas nos últimos três meses, foram 1.438. Outro ponto é que a fecundidade nas sete cidades está estável, mas com tendência de queda, há pelo menos quatro anos. Neste período, o único município com aumento tímido no indicador, na ordem de 1,03%, foi Santo André, conforme levantamento da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).

“Sabemos, desde os anos 1990, que todo o País caminha para a estabilidade no crescimento demográfico, com tendência a atingir a estabilidade em 2050”, afirmou Gerson de Moraes, filósofo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Prova é que, segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), publicada na sexta-feira pelo Diário, a população do Grande ABC cresceu apenas 0,64% neste ano, atingindo 2.807,712 habitantes. Entre 2018 e 2019, o crescimento populacional ficou estável.

Na avaliação de Moraes, mesmo que a pandemia tenha aumentado o número de mortes, ainda não é possível estimar se a conjuntura irá frear ou impulsionar os nascimentos. “Apesar de todas as dificuldades do período, as pessoas estão mais próximas, e principalmente os jovens casais podem acabar engravidando, tendo um boom dos filhos da pandemia. Mas o fato é que o crescimento populacional no Brasil será cada vez menor”, reforçou.

O docente assinala que as estruturas socioeconômicas mudarão no pós-pandemia, pois o desemprego aumentou, as relações trabalhistas estão se precarizando – as pessoas estão trabalhando mais, com salários menores – e a instabilidade política cresce diariamente.

GESTAÇÃO NA PANDEMIA

Deborah Delage, especialista em saúde pública pela USP (Universidade de São Paulo), afirma que a pandemia dificultou a vida de gestantes e puérperas. “Considerando as evidências, grávidas e puérperas pertencem ao grupo de risco e, particularmente no Brasil, o risco de elas morrerem com a Covid é maior do que nos outros países”, destacou.

A especialista alerta para que essas mulheres permaneçam o máximo possível em isolamento, incluindo familiares que convivam junto. Ainda que nem sempre seja possível, a orientação é para evitar o parto em hospitais gerais, dando preferência a unidades exclusivas de maternidade.

“Os demais cuidados devem ser tomados pela equipe de saúde durante o pré-natal, o parto e o pós-parto”, observou Deborah Delage. “O Brasil presta assistência muito ruim a grávidas e puérperas desde a base, mas ficou ainda mais evidente com a Covid”, completou, mencionando que 70% das gestantes que morreram de Covid no mundo estão no País.




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