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Recuperação energética é alternativa para lixo que não pode ser reciclado

Tecnologia prevista para usina de incineração da Lara, em Mauá, é vista como complemento da gestão dos resíduos para especialistas da área

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
05/12/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


A Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê gestão responsável e ambientalmente correta da sociedade em relação ao lixo, desde o consumo até sua destinação final. Dentro deste processo, especialistas chamam atenção para a necessidade de se discutir soluções viáveis para o chamado rejeito, material cujas possibilidades de reciclagem já foram esgotadas, mas que ainda oferece potencial para geração de energia ou fontes de combustível, como o biogás. Uma das alternativas viáveis e já adotadas em países desenvolvidos é o tratamento térmico em usinas de recuperação energética.

Exemplo de unidade de tratamento do rejeito e do lixo doméstico está prevista para ser implementada em Mauá pela Lara. A proposta é queimar o material recolhido nas oito cidades onde a empresa atua (Diadema, Ferraz de Vasconcelos, Itanhaém, Juquiá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, São Bernardo e São Caetano) após o processo de coleta seletiva por parte das administrações e da triagem feita dentro das cooperativas de reciclagem.

“Mesmo que você tenha alta eficiência na coleta seletiva, há materiais que não podem ser reciclados, em média 20% a 30% do volume recebido pelas cooperativas. E é melhor que esse rejeito seja usado para gerar energia do que aterrado”, considera o professor do curso de engenharia ambiental da FSA (Fundação Santo André) Murilo Valle. Exemplos são caixas de papelão ou plásticos engordurados, espelhos, tecidos, aerossóis etc.

Gilberto Martins, docente do curso de engenharia de energia da UFABC (Universidade Federal do ABC), considera que um sistema de gestão de resíduos adequado precisa estar associado à tecnologia e trabalha em três frentes: reciclagem (gerando renda aos catadores), tratamento biológico do lixo orgânico (produção de biocombustíveis) e destinação adequada para o rejeito. “Acreditamos que enterrar esse material também causa problemas ambientais, então é mais interessante recuperar a energia com o devido cuidado. Todo processo de geração de energia gera impacto ambiental. O que precisamos é ter regras para que tenha o menor possível.”

Valle destaca ainda que a sociedade precisa lançar mão da tecnologia para solucionar problemas. “Temos modelos de incineração eficientes. Existe controle da temperatura para que não sejam geradas toxinas. Não temos como questionar a ciência em pleno século XXI.”

EM MAUÁ

Segundo o projeto da Lara, a usina de recuperação energética será construída em área próxima ao aterro sanitário de Mauá, no bairro Sertãozinho. A expectativa da empresa é a de que, uma vez obtidas as licenças, a obra tenha início até o fim de 2020, com previsão de conclusão em 30 meses. A construção está estimada em R$ 900 milhões e será bancada com recurso privado.

O EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) serão alvo de audiência pública que será realizada em 12 de dezembro, às 17h, no Teatro Municipal de Mauá (Rua Gabriel Marques, 353, Vila Noemia). 

A previsão é a de que a energia gerada com a queima do lixo seja destinada metade para o próprio empreendimento e a outra parcela distribuída na rede elétrica da cidade.




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