Política Titulo
Laudos confirmam que Maluf assinou carta a banco suíço
Por Do Diário OnLine
Com Agências
14/07/2004 | 22:13
Compartilhar notícia


Dois laudos encomendados pelo MP (Ministério Público) de São Paulo confirmam que é do ex-prefeito e candidato Paulo Maluf (PP) a assinatura constante numa carta manuscrita enviada em 1996 ao banco suíço UBS (Union Bank of Switzerland) de Zurique. No documento, um correntista pede a transferência de US$ 100 milhões de sua conta para uma agência em Londres. Maluf voltou a negar que tenha assinado tal documento e se disse vítima de uma manobra política.

Os trabalhos que confirmam ser de Maluf a assinatura da carta são dos peritos Ricardo Molina, da Unicamp (Universidade de Campinas), e Edmundo Braun, da Academia de Polícia Civil do Estado de São Paulo. "As assinaturas emanaram do punho do senhor Paulo Salim Maluf", afirmou Molina.

Há um mês, peritos contratados por Maluf divulgaram laudos que destacaram a suposta falsidade da carta. Partindo do pressuposto que o documento seria falso, os especialistas nem confirmaram se a assinatura contida no manuscrito é mesmo de Paulo Maluf.

Mas os laudos encomendados pelo MP contestam frontalmente os resultados dos contratados por Maluf. Embora reconheçam que só é possível confirmar a autenticidade da carta analisando a original, que está retida pela Justiça da Suíça, os dois peritos concluíram que todos os sinais apontam que o documento não foi fraudado. "Pelo contrário, os indícios que temos indicam que ele é autêntico", afirmou Ricardo Molina.

Um indício destacado pelos peritos é o cruzamento de linhas da assinatura e do texto. Segundo Molina, isso indica que Maluf assinou exatamente aquele texto. No caso de fraude, como alega o ex-prefeito, haveria "bordas vivas" – lacunas – no cruzamento das linhas, ainda segundo o perito da Unicamp.

A autoria da carta, outro aspecto negado pelo ex-prefeito, foi colocada por Molina como um fator secundário no caso. "Os laudos dos dois peritos contratados por Maluf dizem que o texto não foi escrito por ele. Também acredito que não tenha sido, mas isso não é o mais importante. O que importa é que a assinatura é dele e não há indícios que a carta tenha sido fraudada", destacou.

"São documentos absolutamente autênticos, verdadeiros", afirmou o promotor Sílvio Marques. Os dois laudos divulgados nesta quarta-feira serão incluídos no inquérito que investiga o possível desvio de verbas em obras contratadas durante a administração de Maluf na Prefeitura, entre 1993 e 1996.

Defesa - O manuscrito, enviado ao Brasil pelo Ministério da Justiça da Suíça, é datado de 16 de dezembro de 1996 — duas semanas antes de Maluf deixar o cargo de prefeito de São Paulo. No texto, escrito em inglês, o correntista pede a "doação de todo o dinheiro atualmente existente na Fundação White Gold para os meus quatro filhos (Flávio, Otávio, Lina e Lígia), em partes iguais".

O signatário da carta pede ainda para encerrar a Fundação White Gold e distribuir todos os investimentos para a conta a ser aberta pela Durant Internacional Corporation no banco UBS de Londres.

Nesta quarta-feira, após a divulgação dos laudos encomendados pelo MP, Maluf se defendeu e partiu para o ataque contra o rival José Serra, candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo. Sobrou também para os promotores Sílvio Marques e Sérgio Turra Sobrane, acusados de estarem numa campanha para derrubá-lo politicamente.

Maluf voltou a atribuir a presença de sua assinatura na carta a montagens feitas por computador. O ex-prefeito disse ainda que não assinou aquele documento.

A assessoria de imprensa do candidato emitiu nota para descaracterizar os laudos do MP. O documento destaca que os dois laudos encomendados pelo próprio ex-prefeito, feitos por Celso Del Picchia e Sebastião Edison Cinelli, "provam que a letra naquele documento não é do ex-prefeito de São Paulo".

A nota ressalta ainda que a Justiça suíça "arquivou qualquer investigação" sobre Maluf no país "por falta de qualquer prova ou sequer evidência".




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;