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Horas extras agitam o futebol
Por Analy Cristofani
Do Diário do Grande ABC
Com Agências
24/11/2000 | 00:15
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A repercussao do caso do volante Dário, que move açao contra o Grêmio na Justiça do Trabalho do Recife pelo nao pagamento de horas extras, dias em que ficou concentrado e teve de trabalhar aos domingos, motivou outros 15 jogadores, só em Pernambuco, a procurar por seus direitos. Em Sao Paulo sao 265 processos só na capital.

Dário, hoje no Santa Cruz, acredita que pode receber R$ 200 mil de indenizaçao. Já o advogado do Grêmio, Homero Bellini, nao acredita na vitória do jogador na Justiça. "Se abrirem um precedente, será inviável a manutençao de qualquer clube", argumenta Bellini, que vê uma série de equívocos na açao. Entre eles está o fato de o jogador ter entrado com uma açao em Recife, onde mora, quando deveria ter acionado a Justiça em Porto Alegre, local onde ele trabalhou.

Também o ministro Almir Pazzianotto, do Tribunal Superior do Trabalho, acredita que a açao deva mudar o futebol brasileiro. Caso os problemas com a Justiça acabem se tornando comum, Pazzianotto vê a mudança do perfil do futebol, que tem suas partidas sempre à noite (durante a semana) e nos finais de semana. Em dezembro, o assunto será discutido em um seminário em Brasília.

O advogado do Clube dos 13, Alvaro de Melo Filho, defende uma reformulaçao da Lei 6.354, que regulamenta o trabalho dos atletas. Para ele, as mudanças deveriam acontecer antes de março, quando entra em vigor o dispositivo da Lei Pelé que extingue o passe. "Seria bom que a nova lei tratasse desses casos. Quando a lei foi promulgada, as relaçoes de trabalho entre jogadores e clubes eram totalmente diferentes", afirma o advogado.

Para Melo Filho, o trabalho de jogador de futebol precisa de uma legislaçao específica. "Se levarmos a CLT (Consolidaçao das Leis do Trabalho) ao pé da letra, um jogador de 17 anos nao poderia jogar após as 22h, mesmo se profissionalizando aos 16", explica.

Nao é só isso. O advogado do Clube dos 13 vê a cobrança de horas extras e adicional noturno como uma criaçao de advogados que fazem da Justiça do Trabalho uma indústria. Sendo assim, ele nao acredita em vitória dos atletas. "Sei que já houve outros casos. Nao lembro quem foi, mas nao sei de ninguém que tenha ganho".




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