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Berzoini diz que meta é criar 2 milhões de empregos em 2005
Marcos Palhares
Do Diário do Grande ABC
19/07/2004 | 00:51
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Em palestra no diretório do PT de São Bernardo, como parte das atividades de campanha para o deputado federal e candidato a prefeito Vicente Paulo da Silva (PT), o ministro do Trabalho e Emprego, Ricardo Berzoini, projetou para 2005 a geração de dois milhões de empregos formais.

A perspectiva é exatamente o dobro do resultado obtido pelo governo no primeiro semestre deste ano, anunciado pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho na última sexta-feira. Entre janeiro e junho deste ano, foram criados 1,03 milhão de empregos formais – recorde da série histórica do Caged, iniciada em 1992.

Há dois anos, em 23 de julho de 2002, o PT lançou um programa de governo específico para a geração de emprego, defendendo a criação de 10 milhões de postos de trabalho no mandato presidencial. Na palestra realizada em São Bernardo, Berzoini negou que o presidente tenha feito essa promessa. Confira a entrevista exclusiva:

DIÁRIO – A respeito da criação de um milhão de empregos formais, no primeiro semestre deste ano, quais os setores da economia em que a geração de postos foi maior e quais os fatores para esse resultado?
RICARDO BERZOINI – É importante notar que todos os segmentos da economia estão crescendo, em termos de emprego. Inclusive a construção civil, que no ano passado (o resultado) foi negativo e já recuperou tudo que perdeu. Já temos 10 mil empregos de saldo positivo em relação ao ano passado – serão 60 mil esse ano, sendo 10 mil no governo Lula. Mas os setores que mais contribuiram até agora, em termos percentuais, foram o de agronegócio e os industriais vinculados à exportação. Esse quadro deu a tônica no primeiro trimestre, mas no segundo trimestre já temos a expansão para o setor de consumo interno vinculado particularmente a alimentos no mercado interno, vestuário, calçados e também os setores de serviços. Então, o crescimento está se homogeneizando, mas ainda com uma predominância no setor agrícola.

DIÁRIO – Para o próximo ano, qual a previsão de criação de mais empregos formais e como chegar a esse resultado?
BERZOINI – Eu acredito que nós temos condições de manter e ampliar um pouco o atual ritmo. Nós geramos um milhão de empregos em seis meses e a previsão para o ano – que nós estamos atualizando de maneira muito pé no chão e muito sensata – é de 1,8 milhão (empregos). Há possibilidade, inclusive, de superar isso. Nós estamos trabalhando com essa previsão e para o ano que vem nós acreditamos que é possível chegar a 2 milhões de empregos. Num patamar que é suficiente para não apenas assimilar todos que chegam ao mercado de trabalho, mas reduzir de maneira constante o desemprego. Nosso grande desafio é entrar 2005 com o desemprego na faixa de um dígito, portanto, abaixo de 10%, o que será, por si só, uma vitória importante. Não que baste ao povo brasileiro, mas será uma vitória importante porque significará reduzir no Brasil a triste situação do desemprego na casa de dois dígitos, que foi criado especialmente no governo anterior.

DIÁRIO – O senhor comentou, em palestra no diretório do PT de São Bernardo, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não prometeu 10 milhões de empregos, mas sim que essa quantidade seria a necessária. Dois anos depois, as projeções continuam as mesmas?
BERZOINI – Na realidade, o Brasil precisa gerar milhões e milhões de empregos. O presidente, durante a campanha, nos nossos próprios documentos de campanha, nós trabalhamos com a referência de que a geração de 10 milhões de empregos recoloca o mercado de trabalho brasileiro num patamar de normalidade em relação ao que seria uma economia de atividade intensa. Obviamente, o desemprego sempre existe, em qualquer economia. É importante atingir uma situação em que o desemprego não seja um fator de instabilidade social e de redução do poder de negociação dos trabalhadores nas negociações coletivas. Então, é essa a filosofia básica que nós estamos adotando. Ou seja, criar milhões e milhões de empregos ao ponto de viabilizar uma situação em que melhore a condição dos trabalhadores nas negociações coletivas e que o mercado de trabalho possa absorver a juventude que está ingressando agora.

DIÁRIO – Nessa iniciativa do governo de criação e geração de emprego e renda, existem iniciativas específicas para o Grande ABC?
BERZOINI – Existem iniciativas específicas para o Brasil como um todo. Para as áreas industriais, especialmente, nós entendemos que o fortalecimento das exportações abre o caminho para um movimento em torno de um crescimento de importação de bens e capital. Portanto, estão ampliando a capacidade produtiva do país, evitando aquele processo que nós já vivemos no passado, que é de esgotar a capacidade instalada e isso provocar ou inflação ou aumento da taxa de juros para segurar a demanda. Nós não queremos mais uma economia que arranca e pára, arranca e pára. Nós queremos uma economia que tenha planejamento sustentável.




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