Fiel aliado do prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB), e cotado para ocupar a vice do peemedebista, o PTB anunciou ontem que lançará candidato próprio na eleição de outubro. No mesmo dia, formalizou convite para o secretário de Governo e homem-forte da gestão, Nilson Bonome (PMDB), se filiar à sigla.

Em jantar com os vereadores da legenda na cidade, realizado ontem à noite em famoso restaurante no bairro Barcelona, o presidente do PTB paulista, deputado estadual Campos Machado, descartou apoio à reeleição de Pinheiro, mas oficializou o pedido para que Bonome troque o PMDB pelo PTB.

Os petebistas, porém, não quiseram antecipar qual será o nome escolhido para rivalizar com Pinheiro, mesmo podendo ser um dos parlamentares, todos eles integrantes da base de Pinheiro.
“Uma coisa é apoiar o prefeito da cidade, pessoa física e jurídica, outra é o partido. Damos governabilidade (a Pinheiro), mas o partido não tem nada a ver”, ponderou Campos.

O parlamentar voltou a criticar o ex-prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) e enterrou possível recuo da legenda para adesão ao hoje tucano. O ex-gestor deixou o PTB no ano passado para abrigar sua candidatura ao Palácio da Cerâmica, desagradando Campos. “É a mesma coisa que o Brasil mandar o homem à Marte. Ele (Auricchio)sabe que isso (apoio à sua candidatura) é impossível”, cravou o dirigente, ao acrescentar que apoiar o tucano seria “caminhar para o suicídio”.

Os petebistas conversaram por cerca de uma hora, na presença de Bonome. Antes de o encontro começar, era evidente a insistência do vereador Flávio Rstom (PTB), pró-Auricchio, para que a sigla optasse por lançar nome próprio, já que Campos estava irredutível quanto a possível apoio ao ex-prefeito.

Para alguns dos próprios petebistas que estavam no encontro, a decisão de rivalizar com Pinheiro ainda não é definitiva, embora Campos tenha negado veementemente possível recuo. Parlamentares da sigla que ainda sonham com o partido no arco de alianças do atual prefeito apostam na entrada de Bonome na legenda, fortalecendo a ala pró-Pinheiro no partido. Dos três vereadores da sigla, apenas Rstom quer ver o partido com Auricchio. Os demais, Paulo Bottura e Gersio Sartori, seguem na ala governista.

“Essa possibilidade (de apoiar Pinheiro) não existe mais. Nós estamos aqui com o vereadores do PTB e, por unanimidade e exaustão, o partido decidiu que ter candidatura própria. Não vai ter recuo na palavra”, assegurou Campos.
Bonome revelou “surpresa” com o caminho escolhido pelos petebistas e disse que vai avaliar a troca. Internamente, seu ingresso no PTB já é dado como certo.

‘Aidan não foi prestigiado pela sigla’

A mágoa do presidente estadual do PTB, Campos Machado, pela saída do ex-prefeito de Santo André Aidan Ravin (hoje é pré-candidato ao Paço pelo PSB) parece ter diminuído. Ontem, o petebista fez mea-culpa sobre a desfiliação do ex-gestor.

Campos disse que, ao contrário do ex-prefeito de São Caetano José Auricchio Júnior (foi para o PSDB), Aidan não foi prestigiado pela legenda. Em 2013, Auricchio foi indicado por Campos para integrar o governo Geraldo Alckmin (PSDB), chefiando a secretaria estadual de Esporte, Lazer e Juventude. “O (ex-prefeito) de São Caetano foi altamente prestigiado pela direção do PTB. Pela primeira vez, São Caetano teve um secretário de Estado. Santo André não teve o que de São Caetano teve. Quem sabe eu tenha me equivocado na escolha”, declarou Campos, ao garantir, porém, não ter se arrependido da indicação.

À época, derrotado no segundo turno pelo hoje prefeito Carlos Grana (PT), Aidan articulou para conquistar espaço no Palácio dos Bandeirantes. Não obteve êxito e, de quebra, viu o correligionário da cidade vizinha ser empossado secretário estadual.

Campos, porém, ponderou que a legenda lançará a candidatura do vereador Luiz Zacarias à sucessão de Grana. Questionado por que teria amenizado as críticas a Aidan e mantido críticas a Auricchio, Campos voltou a proferir suas famosas frases de efeito: “Também não podemos comparar Barcelona com Água Santa”, brincou o deputado, arrancando risos de todos os petebistas presentes.