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Isla Mujeres serena

A 20 minutos de Cancún encontra-se sombra, mergulho e água (de coco com limão) fresquinha

Por Soraia Abreu Pedrozo
05/11/2015 | 07:00
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Soraia Abreu Pedrozo/DGABC


 Para os viajantes que procuram um pouco de sossego e simplicidade, Isla Mujeres é o lugar ideal. Fica a 20 minutos de Cancún de ferry boat pela empresa Ultramar. Pelo bilhete de ida e volta, paga-se US$ 19 (R$ 76) para adultos e US$ 12 (R$ 48) para crianças saindo da Playa Tortugas, na zona hoteleira. Na Punta Norte, a prainha da cidade, encontra-se um mar calmo verde-água, cristalino e bastante propício para crianças e adultos que querem uma folguinha das fortes ondas de Cancún.

Aproveite para percorrer as lojinhas e os bares de hotéis que ficam à beira da avenida principal vendendo, entre outros, a iguaria da água de coco com limão. Quem não for muito fã da bebida refrescante, pode apostar na tradicional água de jamaica (chá de hibisco) ou no suco de tamarindo (que conhecemos como o suco do Chaves, pelo fato de a bebida ser bastante consumida na série de televisão). Por ali, o que se come tradicionalmente, além dos ceviches (de 130 a 170 pesos mexicanos ou R$ 32 a R$ 42), é o peixe assado chamado de tikin xik (cerca de 150 pesos mexicanos ou R$ 37), cuja espécie varia conforme o dia, a exemplo do pargo, e é envolto na folha de bananeira e assado no fogão a lenha.

Outra vantagem dessa ilhota é a menor presença de prédios, hotéis e shoppings. A paisagem é mais natural pelo fato de o local, conhecido como ‘pueblo mágico’ (cidade mágica), ser mais rústico. “Temos 20 mil habitantes e recebemos 1,8 milhão de turistas por ano. A ilha é muito linda. É o paraíso na Terra”, avalia Kilma Rejón, coordenadora de turismo local. “E temos a vantagem de o custo de vida ser menor aqui, o que favorece os turistas. A hospedagem gira em torno de US$ 50 <CF51>(R$ 200)</CF> a US$ 120 <CF51>(R$ 480)</CF> por noite. Na Riviera Maya, por exemplo, vão de US$ 200 <CF51>(R$ 800) a US$ 400 (R$ 1.600)</CF>”, afirma – valores semelhantes aos praticados em Cancún. No entanto, como é pertinho, é muito tranquilo fazer um ‘bate e volta’.

O que é muito forte em Isla Mujeres é a prática de mergulho. Ao realizar snorkel nas águas calmas de El Farito – diversas empresas oferecem o serviço –, parece que nos transpomos a um universo paralelo, onde temos a impressão de que nada poderá interromper aqueles minutos de tranquilidade e contemplação do mundo subaquático. Os peixinhos de diversas cores e tamanhos nadam como se não houvesse amanhã entre os corais e agem como como se fôssemos parte integrante daquele bioma. Outra estranha no ninho, mas que já foi incorporada ao ambiente, é estátua da Virgen de la Caridad del Cobre (Nossa Senhora da Caridade do Cobre), a santa dos pescadores e a padroeira de Cuba. Sem dúvida é uma experiência que encanta e relaxa.

Conheça histórias de quem vive do turismo e é muito feliz
Em 2014, o México gerou riquezas, ou seja, atingiu PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 1,3 trilhão (R$ 5,2 trilhões). Em torno de 60% desse montante provêm de atividades de comércio e serviços. E, em alguns lugares, quase 100% da receita é oriunda desses ramos, especificamente do turismo. É o caso das regiões de Cancún, Isla Mujeres e Riviera Maya, em que a maior parte das pessoas sobrevive a partir da visita de estrangeiros e mexicanos de outras partes do país.

Embora o salário mínimo seja de 70 pesos (R$ 17,50) ao dia, o que dá 1.540 pesos (R$ 385) no fim do mês considerando 22 dias de trabalho, quase ninguém recebe o piso. Além disso, boa parte dos trabalhadores do setor de turismo ganha gorjetas, o que eleva e muito o rendimento. "A alegria desse lugar é o que mais me encanta. As pessoas são muito boas”, diz German García Martinez, 33 anos, ao explicar por que se mudou para Isla Mujeres há 13 anos. Nascido em Monterrey (Nordeste do país), ele explica que a falta de segurança no local o estimulou a mudar de vida. “Aqui é muito mais tranquilo.”

Formado em Publicidade, há dois anos ele trabalha para o governo local fazendo de tudo um pouco. “Geralmente checo os estabelecimentos para ver se está tudo em ordem. Verifico a qualidade do atendimento, se o dinheiro em circulação é verdadeiro. Mas também trabalho como guia e tradutor”, conta Martinez, enquanto dirige carrinho de golf que nos transporta pela cidade. Como praticamente 100% do lugar vive do turismo, na baixa temporada, que se estende principalmente de agosto a outubro, muita gente se dedica à pesca, especialmente à da lagosta.

Ele ganha, mensalmente, em torno de US$ 350 mais US$ 100 em gorjetas, lá chamadas de propinas. Os US$ 450 correspondem a 6.750 pesos mexicanos ou cerca de R$ 1.800. E diz que o valor dá para sustentar sua mulher e dois filhos. Nascido na mesma cidade de Martinez, Isaac Trujillo Abud, 41, há oito anos também despediu-se do local devido à falta de segurança e mudou-se para Playa Del Carmen, a 40 minutos de Cancún, também no Estado de Quintana Roo.

Abud, que tinha uma discoteca em Monterrey, hoje é guia turístico. “O que mais gosto dessa minha profissão é o fato de estar sempre em contato com a natureza e de conhecer pessoas novas todos os dias. Formado em Administração e Turismo, ele se especializou em Arqueologia e Geologia e optou por trabalhar com ecoturismo. “Ganha-se muito mais do que trabalhar em um hotel, além de ficar fechado o dia todo. Eu não conseguiria.” Casado e também pai de dois filhos, ele recebe em torno de 40 mil pesos mexicanos por mês – cerca de R$ 10 mil –, sendo que 80% disso provêm de gorjetas. Abud faz parte do tour Aventuras Mayas, que guia o nado com as tartarugas em Akumal, praia distante 20 minutos de Playa Del Carmen, e leva turistas para praticarem tirolesa, rapel e snorkel no Cenote Estrela, em Tulum.

NATIVO
Antonio Caamal, 38, tem como seu primeiro idioma o dialeto maia. Embora também se comunique em espanhol, nasceu e cresceu no povoado do sítio arqueológico de Muyil, perto de Tulum e dentro da Reserva da Biosfera de Sian Ka’an. Lá, a comunidade criou uma cooperativa, composta por 28 camponeses, apicultores, pescadores e seringueiros, para explorar sustentavelmente o turismo na reserva. “Cresci na região, então conheço muito bem as espécies que vivem aqui. São 363 tipos de aves, 100 de anfíbios e 150 de répteis, sendo dois de crocodilos. Não me vejo fazendo outra coisa”, conta.

Com dois filhos, Caamal recebe salário em torno de 5.000 pesos mexicanos (R$ 1.250) por 15 dias trabalhados, além de 500 pesos (R$ 125) em gorjeta por cada saída de barco. “O bom é que o ecoturismo paga melhor do que as modalidades tradicionais. E o governo e organizações internacionais oferecem capacitações e dão dinheiro para promoção do local, o que nos ajuda muito”. Nos meses de baixa temporada, os nativos se dedicam a atividades de venda de mel e frutas, como papaya, limão, laranja, cacto e pitaia. “Temos 500 hectares de pitaia.”




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