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Após 29 dias, empresário de S.Bernardo é libertado
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
17/08/2006 | 07:53
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O empresário José Fontes Reina, 57 anos, dono de uma construtora em São Bernardo, foi libertado ontem de um cativeiro na favela da Vila Clara, zona Sul da capital, após 29 dias de seqüestro. Por acaso, a PM conseguiu descobrir onde ele era mantido refém. Houve tiroteio e um acusado do crime foi morto. A polícia cercou o local e somente depois de cinco horas de negociação a vítima foi liberada. Dois acusados foram detidos. A Polícia Militar informou que os criminosos que participaram do crime são do PCC (Primeiro Comando da Capital).

A polícia suspeita que a ordem para o seqüestro teria vindo da liderança do PCC do presídio em Presidente Bernardes. O dinheiro do resgate, R$ 4 milhões, seria usado para financiar fugas de cadeias.

O empresário, morador do bairro Anchieta, em São Bernardo, foi seqüestrado em 18 de julho, às 8h30, quando se dirigia para sua empresa, na região central da cidade. Os criminosos cercaram seu veículo e, sob ameaça de morte, ele foi retirado do automóvel e colocado em outro.

Reina diz que antes de ir para a Vila Clara, já havia passado por outros dois cativeiros. Segundo a polícia, os seqüestradores exigiram R$ 4 milhões de resgate e o negociador da família foi um filho da vítima. O valor teria baixado para R$ 1 milhão.

A Delegacia Anti-Seqüestro de São Bernardo monitorava o caso, mas não sabia onde era o cativeiro. O local foi revelado ontem pela manhã de maneira fortuita.

Às 7h, policiais militares da 4ª Companhia do 3º Batalhão faziam patrulhamento na favela – onde é freqüente o tráfico de drogas – e suspeitaram da atitude de um homem na frente de um barranco onde ficava o cativeiro do empresário.

Segundo a polícia, o homem correu para dentro da casa e um outro comparsa atirou contra os policiais. A PM revidou e matou um dos acusados, que não portava documentos e não havia sido identificado até ontem à noite.

Antônio Correia, 28 anos, um adolescente de 17 anos e mais dois homens passaram a gritar para a polícia que era para parar de atirar, pois havia na residência uma vítima de seqüestro, e que seria morta se não obedecessem. A partir de então, Reina ainda passou por cinco horas de desespero, sob a mira de armas na cabeça.

Os seqüestradores queriam que a PM saísse do local para liberar a vítima. Além de policiais do 3º Batalhão, cercaram a área 60 policiais em 30 viaturas, envolvendo o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), o GER (Grupo Especial de Resgate), o GOE (Grupo de Operações Especiais) e o DAS (Delegacia Anti-Seqüestro) de São Paulo. Um helicóptero Águia da PM também participou da ação.

“Eles tinham medo de que a Polícia Militar entrasse no cativeiro e matasse todo mundo. Por isso demorou a negociação”, afirmou o advogado Jeferson Badan, que defende Correia e o adolescente de 17 anos.

Os seqüestradores exigiram a presença de um órgão de imprensa, de um advogado e a garantia de que sairiam vivos da favela. O delegado operacional do DAS, Antônio de Olim, passou a encabeçar a negociação.

“Foi uma conversação extremamente delicada, pois os criminosos estavam muito nervosos e ameaçavam constantemente de morte a vítima. Tentei tranqüilizá-los dizendo que tudo ia acabar bem”, afirmou o delegado. Durante a negociação, dois dos seqüestradores conseguiram fugir.

Ao meio-dia, depois de cinco horas, os seqüestradores resolveram se entregar e soltar a vítima após receberem uma equipe de televisão e telefonarem para advogados, parentes e outros comparsas que participaram do seqüestro. “Emprestei meu celular para as ligações. Antes de me devolverem, apagaram os números dos comparsas”, disse Olim. Foram detidos Correia e o adolescente.

“Estou aliviado. Está tudo bem. Fala para minha família que está tudo ok. Não fui machucado. Tudo normal. Fui bem tratado, inclusive. O cativeiro foi normal, só o pessoal estava todo armado”, afirmou Reina em entrevista à rádio Jovem Pan, antes de ser medicado no hospital Nossa Senhora de Lurdes, no Jabaquara. Ele estava desidratado e com pressão alta, quinze por dez. A vítima e familiares não quiseram dar declarações à reportagem.



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