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Ameaça já leva mulher à polícia
Por Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
24/11/2004 | 09:28
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As mulheres agora se queixam dos maridos violentos antes de apanhar. Se antes elas chegavam à delegacia da mulher só depois da agressão física consumada, hoje a agressão verbal já é suficiente para que procurem a polícia e denunciem seus companheiros. A delegada Ângela Ballarini,da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de São Bernardo, observa a mudança no comportamento feminino de três anos para cá. "Antes, chegavam espancadas, muito machucadas. Agora a maioria vem denunciar o marido por ameaça de agressão."

Por outro lado, a delegada nota que os homens hoje são muito mais cruéis ao bater. "Eles aprenderam a bater sem deixar marcas. Começaram a aparecer aqui muitas mulheres agredidas na cabeça. Com o cabelo, não dá para ver os hematomas", diz a delegada Ângela.

A delegacia de São Bernardo fica no bairro Rudge Ramos e também atende as mulheres de São Caetano. São mulheres de todas as idades vítimas de violência doméstica ou sexual. De janeiro a maio deste ano, a delegacia da cidade registrou uma média mensal de 226 queixas. A Secretaria Estadual de Segurança Pública não apresentou dados recentes, mas a delegada Ângela diz que os números são similares aos do início do ano, mas diz não poder revelá-los.

Há mais de um ano existe um projeto de criação de uma delegacia da mulher em São Caetano. A Prefeitura garante que cederá terreno para a construção da delegacia quando o governo estadual anunciar a instalação da DDM. Enquanto isso, o governo do Estado afirma que ainda faz pesquisas para verificar o grau de necessidade de uma delegacia especializada no município.

Segundo a delegada de São Bernardo, a criação da sede em São Caetano é necessária e desafogará o trabalho da sua unidade. "Cada cidade deve ter uma delegacia especializada para as mulheres. Em São Caetano, vejo isso claramente. Com uma DDM lá, as mulheres agredidas teriam mais atenção e facilidade de locomoção." Ela afirma que São Bernardo exige praticamente todos os esforços do pessoal da delegacia, que conta com quatro viaturas e cerca de dez policiais femininas.

Na prática - Divorciada e perseguida. Podia ser o roteiro de um filme de suspense, mas virou a condição de vida da vendedora Ana (nome fictício), 51 anos. A moradora do bairro Santo Antônio, em São Caetano, já morou em 14 endereços desde que se divorciou do marido, há oito anos. Mas ele nunca a deixou em paz.

"Meu ex-marido me liga à noite para me xingar. Ele consegue jogar minha família contra mim e agora diz que quer me internar, ele me acusa de ser doente mental." A última vez que ela apanhou do ex-marido foi há cerca de dez dias, quando o filho do casal, dependente químico, foi internado. Ana procurou a DDM de São Bernardo e decidiu que vai mover um processo judicial contra o ex-marido.

Para a psicóloga de São Caetano Maria Aparecida Fabrizio, a mulher vítima de violência em casa geralmente sofre uma espécie de dependência do marido. "Na maioria das vezes, são mulheres dependentes, que não trabalham e se apóiam no marido. Em primeiro lugar, temos de desenvolver a auto-estima da paciente. Elas precisam aprender a refazer a vida."

Assistência à mulher

Programas municipais de atendimento e apoio às mulheres vítimas de violência doméstica ou sexual

Santo André
Programa Vem Maria
Apoio psicossocial e jurídico
Rua José Lins do Rego, 170, bairro Valparaíso
Tel.: 4992-2936
Informações sobre outros programas
(Assessoria dos Direitos da Mulher)
Praça IV Centenário, 1, Centro
Tel.: 4433-0183

São Bernardo
Programa de Atenção à Mulher
(Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania)
Assistência jurídica e psicológica
Avenida Redenção, 271, Jardim do Mar
Tel.: 4332-8513, ramal 24
Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher
(Secretaria de Saúde)
Atendimento médico e psicológico
Rua Aura, 79, Vila Mussolini
Tel.: 4177-3858 e 4177-2275

São Caetano
Plantão Jurídico de Assistência à Mulher
Apoio jurídico
Avenida Goiás, 600, Centro
Tel.: 4229-1105 e 4229-1201

Diadema
Casa Beth Lobo - Assessoria de Direitos da Mulher
Assistência jurídica, psicológica e social
Rua Nelson Rodrigues, 51, Vila Conceição
Tel.: 4056-3322

Mauá
Programa de Orientação à Mulher
(Secretaria de Assistência Social)
Assistência social, orientação jurídica e casa de abrigo
Avenida Dom José Gaspar, 115 B, bairro da Matriz
Tel.: 4555-1999

Ribeirão Pires
Programa de Atendimento a Situações de Violência
(Hospital São Lucas)
Acompanhamento jurídico
Rua Renato Andreoli, 138, Jardim Itacolomi
Tel.: 4828-3000




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