Os investimentos para a realização da Copa do Mundo de 2014 vão injetar R$ 142,3 bilhões na economia brasileira entre 2010 e 2014, segundo levantamento da Ernst & Young, em parceria com a FGV (Fundação Getulio Vargas). O valor é composto pelos investimentos diretos em organização e infraestrutura (R$ 29,6 bilhões), somados aos impactos indiretos na produção de bens e serviços (R$ 112,7 bilhões).

O levantamento também estima a criação de 3,6 milhões de empregos e impacto de R$ 63,4 bilhões sobre a renda. Já a arrecadação dos cofres públicos deve ter adicional de R$ 18,1 bilhões. O impacto dos investimentos nestes quatro anos representa o equivalente a 2,17% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro previsto para 2010.

O setor que deve ser mais beneficiado pela realização do Mundial é o da construção civil, cujo aumento de produção é estimado em R$ 8,14 bilhões. O estudo aponta para avanços em outros 24 segmentos, entre eles os de serviços prestados às empresas (R$ 7 bilhões adicionais), hotelaria (R$ 3 bilhões adicionais) e alimentos e bebidas (R$ 2,5 bilhões a mais).

Os realizadores do estudo acreditam que, mesmo com possíveis oscilações da economia nos próximos quatro anos, os investimentos devem se manter consistentes. "Praticamente metade dos investimentos diretos (42%) é de gastos públicos ligados ao cronograma da Copa do Mundo", explicou Fernando Blumenschein, coordenador de projetos da FGV. "A outra parte (58%) será de investimentos privados, mas que têm retorno bastante significativo, mesmo com mudanças na economia."

O estudo se baseou na realização da Copa do Mundo em 12 cidades-sede e desconsiderou a hipótese de São Paulo ou outra cidade ser excluída da competição. Segundo um dos realizadores da pesquisa, a Fifa continuará pressionando a Capital paulista a cumprir as exigências de infraestrutura, principalmente em relação ao estádio escolhido, mas a decisão final não deve deixar São Paulo de fora. "Se isso acontecer, aí os investimentos vão sofrer corte significativo", afirmou José Carlos Pinto, da consultoria Ernst & Young.

São Paulo é a terceira cidade que deverá realizar mais investimentos (R$ 1,45 bilhão), atrás apenas de Rio de Janeiro (R$ 1,97 bilhão) e Natal (R$ 1,49 bilhão). Na capital fluminense, os principais recursos estão previstos para a reforma do Maracanã, instalação do centro de transmissão dos jogos, aeroportos, segurança, reurbanização e parque hoteleiro.

O estudo Brasil Sustentável - Impactos Socioeconômicos da Copa do Mundo de 2014 baseou-se em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O modelo desenvolvido representa a economia brasileira por meio de 55 atividades econômicas, 110 categorias de produtos e dez perfis de renda e consumo da população.