Setecidades Titulo
Carro de som recruta novos sem-teto
Por Bruno Ribeiro
Célia Maria Pernica
Do Diário do Grande ABC
01/04/2008 | 07:00
Compartilhar notícia


Um carro de som é a ferramenta de propaganda utilizada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) para atrair novos moradores para o terreno invadido no Jardim Olinda, em Mauá, no último sábado. Há quatro dias, uma Parati preta circula por bairros afastados do Centro da cidade reproduzindo uma gravação que convoca as pessoas a lutarem por moradia própria.

 A estratégia tem trazido resultados. O movimento que começou com 150 pessoas na madrugada do sábado já conta com 600 famílias cadastradas. “A expectativa é de termos 1.000 famílias”, declarou Helena Silvestre, coordenadora do MTST.

 As lideranças não atribuem só ao carro a crescente procura por lotes no terreno. A propaganda ‘boca-a-boca’ também traria resultados.

 Independentemente do meio de divulgação, a população responde ao chamado. Ontem, foi possível ver gente chegando na área a todo o instante. “Ouvi o som do rádio no sábado. Falei para meu filho, minha irmã e minha cunhada. Todos eles pagam aluguel. Então viemos para cá. Eu tenho casa, mas passo o dia cuidando dos barracos deles, porque eles trabalham”, explica a dona-de-casa Aparecida de Carvalho Ribeiro, 54 anos.

 Muitos dos recém-ingressados no movimento tem a mesma história. Pagam aluguel e vêem na invasão uma chance de conseguir uma casa própria. “Tendo o terreno, depois fica mais fácil de ir construindo aos poucos”, disse a dona-de-casa Iracema Calonga Marques, 59 anos.

PREFEITURA

 O crescimento populacional do acampamento não veio com melhorias na infra-estrutura: para levar água para a área onde os barracos estão, é preciso vencer uma ladeira de 200 metros. Não há banheiros e tampouco energia elétrica.

 Esse foi um dos pontos centrais da reunião ocorrida na manhã de ontem entre as lideranças do MTST e o secretário de Habitação de Mauá, José Roberto Correa.

 Os sem-teto saíram com a promessa de receber banheiros químicos e abastecimento de água.

 Por outro lado, a Prefeitura descartou a desapropriação da área, pois não haveria recuros para isso. “Se o terreno fosse público já teríamos tirado as pessoas de lá, mas como não é, depende do proprietário. A intenção da Secretaria de Habitação é a desapropriação de favelas e não o surgimento delas”, afirmou Correa.

 A empresa Arenaterra Empreendimentos Imobiliários, dona do terreno, não foi localizada para comentar a invasão.A área invadida tem 40 mil m² . A dívida de IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) com a Prefeitura é de R$618 mil e o valor do terreno é de R$1,5 milhão.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;