Em abraço simbólico no Estádio Bruno José Daniel, o candidato do PT à Prefeitura de Santo André, Carlos Grana, realizou ontem atividade de campanha estratégica ao sustentar que o descaso frente ao equipamento público representa o fracasso do governo Aidan Ravin (PTB). Com o apoio do senador Eduardo Suplicy (PT), o ato reuniu 5.000 pessoas. Para Grana, "o abandono do Brunão" é marca do desrespeito com o patrimônio municipal, o que resultou "na desaprovação do primeiro turno".

Essa é a segunda vez que o senador pisa em Santo André durante o processo eleitoral, sucedendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no palanque de Grana, o que demonstra a ofensiva do PT em retomar o poder na cidade ao colocar como "questão de honra" a vitória petista. O partido comandou o Paço por 16 anos, sendo 12 consecutivos. Em 2008, com a legenda rachada depois de prévia interna, Vanderlei Siraque perdeu o pleito.

De forma irreverente, Suplicy novamente deu uma canja em cima do caminhão de som, cantando sua música predileta Blowin'in The Wind, de Bob Dylan. Após o abraço no estádio, o senador disse que o retorno do PT denotaria a retomada do Orçamento Participativo, bandeira das gestões Celso Daniel e João Avamileno, "interrompida na administração petebista", além de consolidar entrosamento com outras esferas de governo. "Não apenas com o Estado, mas especialmente com a presidente Dilma (Rousseff, PT) para restabelecer projetos, como em São Bernardo, onde o (prefeito Luiz) Marinho (PT) tem alinhamento formidável."

Suplicy destacou que o manifesto é solidário, resgatando que a reforma do estádio começou, afastou a torcida, mas não concluiu. O senador cobrou que o item do programa de governo de Grana seja concretizado na íntegra, efetivando centro de atividades esportivas e integrando atividades culturais, de natureza musical e lazer. "É fundamental viabilizar essa intervenção. Por isso esse ato é significativo, de compromisso", disse, ao responsabilizar a má fase do time ao fato de jogar sem espectadores.

O ex-prefeito João Avamileno argumentou que não era necessário derrubar a tradicional marquise do estádio. Mesmo se houvesse laudo atestando risco, Avamileno defende que fosse feita simplesmente a reforma. "Seria barato e não teria dado todo esse transtorno."

Grana fez questão de exaltar "o peso" do retorno de Suplicy, a quem ele considera um dos homens públicos mais respeitados do País. O prefeiturável petista reiterou que a pretensão de fazer arena multiuso, incluindo novas modalidades, além do futebol em conjunto com a iniciativa privada.

"Vamos buscar, indiscutivelmente, além do orçamento municipal. É obra que dependerá da capacidade em atrair parceiros", disse, ao concluir que há interesse de empresários, só que "nos últimos anos a administração não estava sendo bem-vista por certos setores".

Senador sugere renda mínima na cidade

Ao propagar mais uma vez sua proposta de distribuição de renda, o senador Eduardo Suplicy sugeriu que o candidato petista implante o projeto Renda Básica de Cidadania em Santo André, dando "exemplo de pioneirismo".

E colocou-se à disposição do correligionário para levar adiante esse propósito. "Em São Paulo, o candidato Fernando Haddad (PT) incluiu o projeto no plano de governo relacionado ao desenvolvimento social por etapas durante os quatro anos."

Segundo o senador, a meta é que o projeto de Renda Básica seja direito aos 194 milhões de cidadãos brasileiros. A ser definida pelo Poder Executivo, a proposta prevê a ampliação gradativa do benefício até que o seu pagamento se torne universal e incondicional. Suplicy adiantou que fará hoje e amanhã palestras na Argentina para que a proposta também seja marco em 27 países da América Latina.

O programa Bolsa Família, do governo federal, na concepção do senador, foi avanço, ampliando o benefício de 3 milhões de famílias em dezembro de 2003 para 13,5 milhões atualmente, correspondendo a 50 milhões de brasileiros. Em Santo André, aproximadamente 17 mil pessoas recebem o repasse do programa.

Sem garantir a implantação do sistema, Grana avaliou que "é possível ir além" do Bolsa Família no âmbito municipal, porém, ponderou que, primeiramente, é preciso avaliar o Orçamento. "Não sei em quanto podemos chegar, mas tenho convicção que podemos logo no começo do governo ouvir melhor a proposta."