Entre os dias 1º de março e 28 de abril, 22 milhões de brasileiros devem entregar suas declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física 2006. Segundo a Receita Federal, deve declarar quem teve, em 2005, rendimentos tributáveis superiores a R$ 13.968 ou rendimentos não-tributáveis acima de R$ 40 mil, além do contribuinte com patrimônio superior a R$ 80 mil.

Como em todos os anos, a expectativa recai sobre a entrega mais rápida possível, para que aqueles que tenham saldo a restituir sejam eleitos pela Receita logo nas primeiras datas do cronograma de restituição. Ocorre que já há instituições financeiras antecipando a restituição daqueles que precisam do dinheiro com urgência, pagando taxas entre 2,9% e 3,4% ao mês ou 40,92% a 49,36% ao ano.

Porém, antes de decidir por esse caminho leve em consideração os prós e contras dessa modalidade de crédito. Na avaliação do economista Sandro Maskio, professor da Universidade Metodista de São Paulo, a antecipação só tem atratividade se comparada ao juro do cartão de crédito ou cheque especial, que chegam a cobrar taxas entre 175% e 150% ao ano, respectivamente.

Um exemplo: se uma pessoa estiver endividada ou precisa urgentemente de crédito, antecipar a restituição do Imposto de Renda vale a pena. “Imagine se alguém possui dívidas com cartão de crédito ou cheque pessoal. Essa é uma forma de zerar o estoque dessa dívida e trocá-la por outra de melhor perfil. Ai sim justifica a contratação do negócio, uma vez que os juros são bem menores”, diz Maskio.

Simulação – Entramos no site do ABN Amro Real e simulamos uma antecipação de IR de R$ 1 mil para 1º de março – primeiro dia da entrega do imposto. O banco libera 70% do valor, ou R$ 700, e cobra juro de 3,4% ao mês mais IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 0,125% ao mês. Caso a restituição saia em 15 de junho, o juro total da antecipação corresponderia a R$ 87,78, com o pagamento do empréstimo fixado em R$ 790,82. Caso saia apenas em 15 de dezembro, o juro total seria de R$ 266, com o empréstimo saindo por R$ 974,30.

Na esteira do ABN Amro Real, o Banco Santander Banespa busca atrair clientes oferecendo a antecipação de até 100% do valor, com juros a partir de 2,90% ao mês. A linha de crédito dispensa avalista e a liberação dos recursos ocorre no momento da contratação do produto.

Alerta – Além do juro e do IOF, os bancos cobram pela contratação do empréstimo. Quem faz o alerta é o professor de economia do Imes (Universidade Municipal de São Caetano), Radamés Barone. “Os bancos também cobram taxas de contratação e encargos administrativos”, diz. Nesse caso, vale uma pesquisa junto às instituições para ver qual delas tem os valores mais em conta, mas fique atento. Assim como no crédito consignado, o banco com o juro mais baixo não é, necessariamente, o que cobra tarifas menores. O ABN Amro Real desconta entre R$ 32 e R$ 120 para abrir um contrato de antecipação, ante R$ 30 a R$ 150 no Banco do Brasil.

Erro – Se, por outro lado, a intenção de antecipar o IR for para gastar na aquisição de bens, o consumidor estará cometendo um grande erro, afirmam os especialistas. “As pessoas que queiram comprar bens, devem fazer uma reserva financeira mês a mês e pagar à vista. É bem mais vantajoso. É preciso só de um pouco de paciência”, aconselha Maskio.

Para Radamés Barone, tampouco seria um bom negócio antecipar a restituição para aplicar em fundos. “A valorização na maioria dos fundos é menor que o juro da operação”, diz.