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O país do faz-de-conta

O Brasil levou alguns anos para decidir qual foi a inflação do início dos anos 1970: os números variaram de 12% a 20%

Por Carlos Brickmann
23/09/2009 | 00:00
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O Brasil levou alguns anos para decidir qual foi a inflação do início dos anos 1970: os números variaram de 12% a 20%. O Brasil não sabe quem ganhou o Campeonato Brasileiro de 1987, se foi o Sport ou o Flamengo. O ministro Roberto Campos dizia que no Brasil até o passado é imprevisível. Mas os analistas políticos e econômicos fazem de conta que sabem quem ganhará a eleição presidencial e de quanto será o crescimento de 2010.

Bola de cristal nº 1 - Economia. A adivinhação da vez é que, no ano que vem, o Brasil cresce entre 5% e 6%. Daqui a pouco vão prever 5,3861%, com toda a precisão possível. Dá para saber? Não, não dá: um aumento da demanda pode gerar inflação e juros mais altos, um inverno frio no Hemisfério Norte pode gerar alta do petróleo. E, se fosse tão fácil assim prever o futuro, por que os adivinhões não previram a crise mundial?

Bola de cristal nº 2 - Política. Falta pouco mais de um ano para a eleição presidencial. O governo não sabe se terá um ou mais candidatos, já que Ciro Gomes está entrando na disputa. E Marina Silva, qual o efeito que terá? Se sua candidatura decolar, tira votos de quem? No entanto, este colunista já leu eruditas análises provando que o tucano Serra já perdeu, que a petista Dilma busca uma saída honrosa, que Marina não vai subir por falta de tempo na TV, que Ciro quer mesmo é ser governador de São Paulo.

Adivinhar é barato. E pode render muito na bolsa dos candidatos.

PROPOSTAS...
O PMDB de Goiás convidou o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a entrar no partido. Ofereceu-lhe três possibilidades: a candidatura ao governo, a candidatura ao Senado e a vice-presidência na chapa de Dilma Rousseff. Meirelles é uma boa conquista: mostrou força ao eleger-se deputado federal, tem capacidade para levantar recursos de campanha, ganhou amplo respeito por seu desempenho no Banco Central.

...AO VENTO
Das três propostas, só uma vale: a do Senado. Candidato ao governo é o cacique do partido, Íris Rezende, prefeito de Goiânia. Candidato a vice de Dilma é o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer – isso se tudo der certo e Lula confirmar a oferta do cargo ao partido. O mais provável é que Meirelles continue no Banco Central, a pedido de Lula. A menos que o próprio presidente resolva lançá-lo para a sucessão.

SLOGAN
Caso Meirelles seja candidato á Presidência, esta coluna toma a liberdade de sugerir um slogan de campanha: “Chega de intermediários”.

RESSURREIÇÃO
Bernardo Cabral, lembra? Aquele que foi ministro da Justiça de Fernando Collor, aquele que dançou o bolero com a ministra da Economia? Aquele que, estando com ela em Paris, deu uma saidinha do hotel para tratar dos dentes e não voltou mais? Agora ele volta: dia 8, recebe no Rio o título de Cavaleiro da Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém. Ah, Cabral! Depois de tudo, elegeu-se senador com o slogan “O Amor que Fica”.

DESRESPEITO AO BRASIL
O Supremo Tribunal Federal determinou ao Ministério das Relações Exteriores que exija o cumprimento do acordo com a Coréia que resultou na extradição do coreano Chong Jin Jeon, casado com brasileira, com três filhas brasileiras. Por divergências comerciais com o maior grupo empresarial coreano, a Hyundai, Jeon foi condenado a dez anos de prisão na Coréia. Preso no Brasil, foi extraditado sob as condições de que a pena seria reduzida para oito anos (o máximo previsto pela lei brasileira) e que os anos que passou preso, aguardando sentença, seriam descontados. Uma vez na Coréia, o acordo foi esquecido e anunciou-se que Jeon ficaria na prisão cinco anos mais que o previsto. E a Hyundai suspendeu os investimentos que havia prometido fazer no Brasil. Coincidentemente, com a volta da questão, a Hyundai prometeu retomar os investimentos.




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