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Eleição tem leve sabor de mudança em S.Caetano
Por James Capelli
Do Diário do Grande ABC
03/10/2004 | 11:12
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Apesar de o resultado das eleições em São Caetano estar aparentemente definido, com a vantagem confortável de José Auricchio Júnior (PTB) sobre Hamilton Lacerda (PT), a campanha eleitoral deste ano na cidade pode ser considerada excepcionalmente concorrida. Nunca houve tantos políticos (sete) na luta, como neste 2004.

Em todo o Grande ABC, a cidade do Azulão tem (ao lado de Santo André) o maior time de pleiteantes. Nas eleições anteriores, o cenário da disputa se resumia a dois candidatos: o da Prefeitura (situação) contra o da oposição (normalmente do PT). Para se ter uma idéia, de 1949 até hoje, apenas oito políticos chefiaram o poder municipal, sendo que João Dal’Mas assumiu por apenas um ano (de 1982 a 1983). Os outros políticos tiveram mais de um mandato.

São Caetano tem cerca de 85 mil eleitores, 15 quilômetros quadrados, onde moram 144 mil habitantes. Não acontece segundo turno no município. As campanhas eleitorais, como neste ano, podem ser feitas num corpo-a-corpo quase tão intenso quanto num salão de danças – o eleitor sai dos braços de um candidato para cair nos de outro. Por isso, os prefeitos sempre se esmeraram em manter os cristais limpos nas prateleiras para evitar insurreições eleitorais. O cuidado é sempre constante e o político da situação nunca baixa a guarda, afinal a cidade está rodeada por municípios (Santo André, Mauá, Diadema e São Paulo) administrados pelo PT.

O que houve na cidade considerada “modelo em qualidade de vida” não foi um aumento progressivo de oposicionistas, mas uma divisão na hora de definir quem conduziria o estandarte da situação. O atual prefeito, Luiz Olinto Tortorello, personalista, deixou de tal forma sua marca no município, que seria difícil para qualquer candidato manter a performance que ele obteve nas urnas em 2000.

O “velho coronel” abocanhou nada menos que 78% dos votos quando venceu o petista Jair Meneguelli. Na lista de herdeiros surgiram Auricchio e Illiomar Darronqui (PL). Auricchio não tem o carisma do padrinho e nem é tão famoso na cidade, mas a bênção de carregar a tocha do continuismo num município de poucos indignados, garantiu-lhe intenção de votos suficiente para uma aparente vitória folgada. Tortorello cuidou pessoalmente da campanha eleitoral do afilhado.

Assim como Auricchio, Darronqui é diretamente ligado ao governo Tortorello, mas tem algumas divergências. Acreditava, no começo da disputa eleitoral, ser a opção ideal para quem tem críticas mas não deseja mudanças significativas. Não apostava que os eleitores sulsancaetanenses fossem tão conservadores como se mostraram ao longo dos meses, nas pesquisas de intenção de voto. Ele não conseguiu emplacar índices expressivos. Mesma situação de Tite Campanella, filho do ex-prefeito Anacleto Campanella. Franco atirador, apresentou-se como político de nome tradicional, mas independente – uma opção de oposição para aqueles que rejeitam visceralmente o Partido dos Trabalhadores. Completando a lista dos sete candidatos, três nanicos entraram no pleito praticamente para cumprir tabela: Marcos Leal (PSTU), Horácio Pires (PV) e Rogério Silva Lopes (PTN), que renunciou na última semana para apoiar o petista Hamilton Lacerda.

Oposição – Quem chamou para si a responsabilidade de tentar quebrar o encanto situacionista foi Hamilton Lacerda, vereador bem votado em 2002, é um dos líderes do PT municipal. Ele carrega o estigma de representar o partido que sempre levou coças homéricas nas urnas sulsancaetanenses.

Apesar de ser o tipo David contra Golias, Hamilton fez campanha científica. Começou em dezembro e obedeceu várias frentes de luta na briga pelo voto: apostou pesado no corpo-a-corpo, na organização de eventos tipo showmícios e estava sempre a postos para discutir o seu programa de governo. Apesar de uma vitória neste domingo parecer praticamente impossível, Lacerda tem motivos para comemorar. As pesquisas apontam que ele provavelmente terá a melhor performance do partido na disputa pela prefeitura de São Caetano.

O fim dessa eleição para o PT pode ter um sabor diferente: nem doce, nem amargo, mas com leve toque de esperança em futuras mudanças.




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