Repasse do Ministério da Saúde deixa fora municípios que já registraram mortes por falta de vagas
O governo federal autorizou a liberação de R$ 7,72 milhões por mês para financiar vagas de UTI (Unidade de Terapia Intesniva) na região. Contudo, as transferências abrangem apenas três cidades e deixam de fora justamente os quatro municípios onde pacientes morreram à espera de vagas.
Portaria assinada pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e publicada ontem, prevê repasses mensais para custear leitos de UTI em Santo André, São Bernardo e São Caetano. O governo andreense receberá R$ 1,53 milhão para manter unidades no CHM (Centro Hospitalar Municipal), enquanto que o Paço são-bernardense será contemplado com R$ 4,27 milhões – os recursos são destinados aos hospitais de Urgência e Anchieta. Já São Caetano será contemplada com R$ 1,92 milhão.
As liberações, publicadas em edição extra do Diário Oficial da União, ocorrem no pior momento da pandemia e em meio ao apelo de Estados e municípios para que a União ajude os entes a reduzir o estrangulamento do sistema público de saúde. A autorização para os repasses ocorre após o STF (Supremo Tribunal Federal) obrigar o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a reativar e financiar leitos pelo País. O aporte totaliza R$ 188,2 milhões por mês a municípios de 21 Estados.
A ajuda externa da União deixou Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra de fora. Os quatro municípios registraram mortes de moradores por complicações da Covid à espera de vaga de UTI.
A notícia frustrou o prefeito Clóvis Volpi (PL), de Ribeirão. O liberal já está há dias alertando sobre a superlotação do hospital de campanha da cidade e explicitando as dificuldades financeiras do município para manter o equipamento. “Nós imploramos por recursos financeiros aos governos federal e estadual. Absolutamente 21 dias depois nós fomos surpreendidos com o fato de o governo federal destinar recursos para hospitais em Santo André, São Bernardo e São Caetano. Esqueceram de Ribeirão. Estou fazendo um sacrifício muito grande para custear o hospital. Estou aborrecido. Vamos continuar com o hospital aberto, mas para que isso aconteça outros serviços terão de ser extintos”, avisou o prefeito, em vídeo publicado nas redes sociais.
“Vou continuar insistindo junto aos governos federal e estadual, mas é um absurdo que esse pessoal sequer conheça a realidade das cidades. Estou contrariado, decepcionado com as ações políticas quando se trata de saúde. Isso é brincadeira. Não sei mais o que fazer para evitar mortes na cidade”, desabafou o prefeito, que à noite decretou estado de calamidade pública devido à falta de recursos para o combate à Covid. A medida permite ao governo viabilizar meios de enfrentamento ao problema com menos entraves e burocracias.
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