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Com 19 mortes por dia, região iguala ao pior momento da pandemia

Foram 539 óbitos registrados em fevereiro, média é bem similar a de julho de 2020, durante o pico da primeira onda

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
02/03/2021 | 00:28
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Nario Barbosa/DGABC


O Grande ABC fechou fevereiro com 19 mortes por dia em decorrência da Covid, mesma média de julho de 2020, o que comprova que a região vive o pior momento da pandemia. Com 539 óbitos em 28 dias, os números são praticamente idênticos aos do pico da primeira onda, quando foram 598 perdas em 31 dias. Para especialistas, os números mostram que a região vive segunda onda e que tem potencial de ser ainda mais grave.

Os dados foram tabulados pelo Diário, tendo como base números das prefeituras. Além de 539 mortes, em fevereiro foram 16,7 mil novos casos, que representam média diária de 597 infectados. Os números são parecidos com os de julho de 2020: 19,2 mil casos – cerca de 621 por dia – veja dados por mês na arte acima.

Nos últimos cinco meses no ano passado a região registrou número de mortes inferior as 500 por mês, sendo que em outubro atingiu a situação mais controlada, com 215 infectados, o que significava média de praticamente sete por dia. Porém, desde novembro os números voltaram a subir, até chegar aos resultados alarmantes de fevereiro. Comparando dezembro com o mês passado, a alta nas mortes foi de 17,4%. e, nos casos, de 10%.

De acordo com Paulo Rezende, infectologista e diretor do Hospital Santa Ana, localizado em São Caetano, há uma velocidade maior de propagação do vírus atualmente, que conta com novas variantes, como por exemplo, a cepa do Amazonas, que possui maior carga viral. “As variantes que estão chegando têm maior potencial de contaminação. Ainda não sabemos se a letalidade é maior, mas ela é mais contagiosa. No ano passado era observado período maior de tempo para mais pacientes contaminados. Agora, o vírus está contaminando mais gente num período mais curto de tempo.”

Para o infectologista Renato Grinbaum, que é consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), o Brasil já “está em uma segunda onda há muito tempo” e a situação é diferente da que o País passou de 2020. “Já não recomendamos terapia precoce e as equipes de saúde sabem lidar melhor com a doença. Mas, tanto as autoridades, o que é imperdoável, como a população, não estão promovendo segurança e proteção como no ano passado, isto leva a um forte agravamento da situação”, disse.

Somado ao cronograma de vacinação, que sofre com a lentidão do recebimento de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) para as duas únicas vacinas já aplicadas na população (a Coronovac depende da China e a Covishield/Oxford da Índia), ele afirmou que “estamos criando situação para a tempestade perfeita. Torço para que não aconteça, mas nossas autoridades continuam inertes apesar de todos os alertas.”

Rezende também pontuou que na metade do ano passado, havia uma testagem em massa, mas que, agora, com a velocidade de propagação do coronavírus, a vacinação e o respeito as medidas de higiene e distanciamento físico devem ser prioridade. O especialista acredita que as regras precisam ser endurecidas.

“Não tem outro caminho a não ser esse endurecimento bem rígido de duas a três semanas de isolamento total”, disse. “Quanto mais rápido a doença se controlar, mais rápido vamos retomar a economia e isso acontece avançando na vacinação e respeitando o isolamento. É usar máscara, evitar aglomeração e lavar as mãos, coisas que todo mundo já sabe”, afirmou.




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