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Com retorno pela metade, auxílio contemplará 351 mil

Ministro da Economia reluta em retomar o pagamento do benefício destinado a famílias de baixa renda

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
07/02/2021 | 07:00
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DGABC


O auxílio emergencial, concedido pelo governo federal, ajudou famílias de autonômos, desempregados ou beneficiários de programas sociais a enfrentar a pandemia durante o ano passado. Com o fim do estado de calamidade pública, deixou de ser pago e os benefíciários sentiram a falta. O retorno é cogitado, mas, com o cofre vazio, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reluta. Na última semana, ele chegou a dizer que só a metade dos que tiveram direito aos saques em 2020 agora seriam contemplados (leia mais ao lado). Caso isso acontecesse, no Grande ABC, 351,1 mil pessoas teriam direito.

De acordo com levantamento feito pelo Diário, com base nos dados disponibilizados pelo Ministério da Cidadania, no ano passado 702,2 mil pessoas receberam o auxílio nas sete cidades – dados atualizados até dezembro – o que totalizou R$ 2,3 bilhões (veja mais informações por cidade na arte ao lado). Com o corte pela metade e considerando o valor reduzido de R$ 300, a estimativa do Diário é que o valor injetado chega a R$ 210,6 milhões, o que corresponde a cerca de 9% do total do ano passado.
Para o coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição, o auxílio mostrou a enorme vulnerabilidade do mercado de trabalho atual em todo o País.

“Cerca de 70 milhões de pessoas se inscreveram. O próprio governo se espantou com o número, dizendo que deste total 40 milhões seriam invisíveis aos cadastros existentes. O debate posteriormente evoluiu para a necessidade de manter permanentemente o auxilio emergencial. Caso o valor fosse mantido em R$ 600 o País precisaria de algo próximo de 8% do PIB (Produto Interno Bruto). Sim, é muito dinheiro. Mas tudo é uma questão de escolha orçamentária. Por exemplo, o pagamento da dívida pública gera uma necessidade próxima do valor do auxílio. Só que ninguém diz que o pagamento da dívida pública tem que ser interrompido porque não há orçamento”, afirmou.

“O fim do auxílio emergencial coloca boa parte das pessoas que o recebiam em situação de miséria”, afirmou o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, completando que pelo menos uma parcela da população precisa ser contemplada.

Para da Conceição, o auxílio é necessário para ativar o mercado interno “especialmente nos setores de alimentação, vestuário, calcados, medicamentos, entre outros. Isso ajuda amenizar os efeitos da crise econômica.”

Mãe solo de seis filhos, sendo que ela sustenta cinco, Andreia Fabiana Cardoso é moradora de Santo André e teve a vida totalmente transformada por causa da pandemia. Ela, que é beneficiária do Bolsa Família, fazia faxina para dar conta do sustento da casa e tinha conseguido entrar na faculdade de pedagogia, chegando inclusive a conseguir um estágio. A renda da família girava em torno de R$ 1.500.

“Eu trabalhava em uma escola, que assim que começou a pandemia demitiu todo mundo. Eu tive que parar a faculdade porque não tinha como continuar pagando. Para ajudar no orçamento, eu fazia faxina o que também praticamente não estou fazendo porque as pessoas pararam de contratar esse serviço”, disse.

Com o auxílio – que no caso dela começou com R$ 1.200 e posteriormente foi reduzido para R$ 600, já que um valor maior é previsto para as mulheres chefes de família – ela conseguiu dar conta das maiores despesas, inclusive do aluguel que consome R$ 700 do orçamento. “Foi a minha salvação, porque sem ele nem o aluguel teria pago. Pelo menos, foram meses em que consegui manter minhas contas em ordem”, afirmou.

Sem o auxílio, ela vende trufas e faz artesanato para tentar complementar o orçamento, mas não está dando conta e vem sendo ajudada com doações de cestas básicas. “Sem dúvida seria uma benção de Deus se voltasse. Foi algo essencial para mim.” 




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