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Achado corpo de vigia morto por PCC
Por Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
21/10/2005 | 08:20
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O corpo do vigilante particular André Silva de Lima, 18 anos, foi encontrado quinta-feira, às 7h30, abandonado em uma viela localizada na Vila Jacuí, zona Leste de São Paulo. Foi um morador das proximidades que acionou a Polícia Militar. Ele foi degolado e tinha a mão direita comida por ratos. Segundo testemunhas, o assassinato foi cometido na madrugada de terça-feira por integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção que atua nos presídios paulistas. O crime teria sido cometido durante ação de seqüestro iniciada no Jardim Rosina, em Mauá, onde 12 pessoas foram tomadas como reféns.

A ação foi uma tentativa de vingança contra a facção rival CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade), apontada como responsável por três mortes de integrantes do CV (Comando Vermelho), alido do PCC, na Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos, durante rebelião na segunda-feira.

Os criminosos que invadiram três casas no Jardim Rosina, na noite de segunda-feira, procuravam Vanderlei Cirilo Pedro, o Bola Sete, líder do CRBC, a irmã dele, Leni Viviane de Andrade, 37, e seu cunhado e suposto braço-direito, Wagner Inácio Diniz, 43. O grupo tinha a informação equivocada de que Bola Sete ainda gozava de saída temporária referente ao Dia das Crianças, mas ele voltara para a Penitenciária Antônio Souza Neto, em Sorocaba, no dia 10.

Depois de render as 12 pessoas, entre as quais alguns parentes de Bola Sete, os cerca de 10 homens encapuzados e fortemente armados, a mando do PCC, fugiram em quatro carros e uma motocicleta. O objetivo era levar todos até uma casa em construção em uma favela localizada em Ermelino Matarazzo, zona Leste da capital, e identificar no local os parentes de Bola Sete, que seriam executados. No entanto, a ação foi frustrada porque o grupo encontrou no meio do caminho viaturas da PM. Houve tiroteio e o bando se dispersou. Os criminosos e os 12 reféns estavam em duas picapes, uma EcoSport, uma van escolar e uma moto, todos veículos roubados.

Na Vila Magini, em Mauá, a van, onde estavam quatro seqüestrados, teve um problema mecânico e enguiçou. O vigilante particular André Silva de Lima, 18 anos, que pilotava uma moto, parou para ajudar a empurrar a van. Ao descobrirem que era vigia, os criminosos resolveram matá-lo. "Parou no dia errado, na hora errada. Hoje é seu dia de morrer. Com esse seu apito, você delata a gente e os nossos irmãos", disse um dos seqüestradores, conforme relato de testemunhas.

A van foi para uma casa na favela em Ermelino Matarazzo, levando Lima e as quatro vítimas. Segundo testemunhas, o vigilante foi morto a facadas fora da casa.

Quarta-feira à noite, após procurá-lo em IMLs e hospitais, a família do vigilante registrou seu desaparecimento no 1º DP de Mauá. Quinta-feira à tarde, familiares receberam a notícia do encontro do corpo. "Ainda tinha esperança de achar meu filho vivo, mas agora é tarde. Foi um crime cruel, uma barbaridade, ele foi detido pelos bandidos ao parar para fazer um favor. Ele não merecia morrer desse jeito", indignou-se a mãe, a empregada doméstica Josefa Barbosa Silva, 53 anos.

Lima trabalhava havia cinco meses como vigilante noturno e ganhava R$ 300 por mês. Morava com a mãe e cinco irmãos havia nove anos em um barraco na favela do Jardim Oratório, em Mauá. Toda a família nasceu em Canapi, no interior de Alagoas. O vigilante estudou até a 8ª série do ensino fundamental na Escola Estadual Sada Umeizama, localizada no bairro Santa Cecília, em Mauá. Largou os estudos no ano passado para trabalhar e ajudar nas despesas da casa.

"Ele era uma pessoa maravilhosa, muito boa, nunca fez mal para ninguém. Era pacato e quieto, demorava para a gente arrancar alguma coisa da boca dele. Nossa família está muito triste", afirmou um irmão do vigilante que não quis se identificar.




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