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Ex-secretária de Finanças de Mauá é presa
Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
01/10/2005 | 07:25
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Após 11 dias foragida, a ex-secretária de Finanças de Mauá Valdirene Dardin foi presa sexta-feira e levada à cadeia feminina de São Bernardo. A prisão aconteceu depois que ela foi interrogada na 6ªVara Criminal, no Fórum de Mauá, porque seu advogado, Leonardo Musumecci Filho, não conseguiu revogar o mandado de prisão preventiva, expedido no último dia 19. Valdirene é acusada de peculato (apropriação indevida de recursos públicos) por ter supostamente sacado R$ 230 mil das contas da Prefeitura entre 2003 e 2004.

A ex-secretária deve permanecer presa pelo menos até segunda-feira, quando a defesa impetrará pedido de habeas-corpus no Tribunal de Justiça. Se for negado, ela corre o risco de permanecer 81 dias na cadeia, prazo máximo para a conclusão do processo. Formada em Matemática, (que apresentou o diploma) tem direito a cela especial.

Valdirene chegou ao Fórum de Mauá pontualmente às 13h trajando jeans e uma blusa de lã listrada e calçando tênis. Aparentemente abatida, ela não quis falar com a imprensa e subiu rapidamente para uma sala no Tribunal do Júri. O interrogatório durou uma hora e meia.

Em seu depoimento, Valdirene voltou a negar que tivesse efetuado os saques. Ela reconheceu que as assinaturas dos recibos são semelhantes à sua, mas não lembrou de ter assinado os papéis. Admitiu, porém, que assinava diversos documentos todos os dias sem ler. Também classificou como mentirosas as declarações do gerente da banco Santander/Banespa Sílvio Francisco Catarino de que teria recebido dinheiro em sacolas plásticas. Disse que as funcionárias da Secretaria de Finanças, à época Ivete e Pedrina, também eram responsáveis pelos extratos das contas públicas. Chegou a declarar que Ivete questionava o fato de ela ser a secretária, mesmo sem ter relação com o PT e a funcionária, que é filiada ao partido, não exercia nem o cargo de tesoureira. Em alguns momentos do interrogatório, Valdirene chegou a chorar. Quando percebeu que seria detida, ficou muito abalada.

Sem fato novo - O juiz Dirceu Brisolla Geraldini disse que não revogou o pedido de prisão porque não surgiu nenhum fato novo que mudasse sua decisão anterior. "Há informação nos autos de retirada de R$ 230 mil sem contrapartida contábil. Com a materialidade do delito, demonstrada pelo Ministério Público, eu entendi existirem indícios de autoria. Por enquanto entendo que ela deva aguardar presa", analisa.

Para a promotora de Justiça Adriana Ribeiro Soares de Morais, a prisão de Valdirene ratifica as investigações realizadas pelo Ministério Público, que comprovam o crime. "A prisão dela significa que nós estamos indo no caminho certo", analisa.

O advogado de defesa de Valdirene tinha esperança de revogar a prisão antes do interrogatório da ex-secretária. Para ele, os elementos não são suficientes para justificar o mandado. "A defesa entende que clamor público não autoriza decretação de prisão. Não se pode fazer uma avaliação precipitada."

No dia 7 de outubro, às 14h, Valdirene irá novamente ao Fórum de Mauá, quando será realizada audiência de instrução, na qual serão ouvidas cinco testemunhas de acusação. Entre elas, o gerente do banco e as funcionárias Ivete e Pedrina.




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