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29ª Mostra BR de Cinema: o mundo em São Paulo
Por Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
20/10/2005 | 09:31
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A hora é de se embriagar de audiovisual e sem se preocupar com o bafômetro no caminho de volta. A happy hour dos cinéfilos conhecida como Mostra BR de Cinema – nome adotado pela Mostra Internacional de São Paulo, há poucos anos, para transparecer a marca de seu principal provedor financeiro, a Petrobrás – ingressa nesta sexta-feira em sua 29ªedição, distribuída por 16 espaços de projeção da capital. É praticamente um vício, com justificativas características por parte dos adictos, como a de que uma vez provada a experiência da Mostra, não se pode largá-la de livre e espontânea vontade; há, em casos mais graves, quem saia de férias ou arrume uma licença nesse período de outubro para se entorpecer na adega cinematográfica organizada por Leon Cakoff desde 1977.

E motivos para compensar a ressaca de Mostra neste ano são muitos. Primeiro, a diversidade de 350 filmes (cerca de 300 longas e o restante de curtas), provenientes de 50 países e chanfrados por artistas de ponta como os irmãos Dardenne, Werner Herzog, Wim Wenders, Amos Gitai, David Cronenberg, Lars von Trier, Jim Jarmusch, Roman Polanski, Eduardo Coutinho e Beto Brant. Depois vêm as retrospectivas sustentadas por sujeitos essenciais do cinema. Os contemplados deste ano são o português Manoel de Oliveira – 96 anos, revisto na Mostra por meio de 35 longas mais o inédito Espelho Mágico – e o sueco Victor Sjöström (1879-1960), popularmente conhecido como o professor Isaak Borg do Morangos Silvestres de Ingmar Bergman, mas também cineasta, autor de uma obra muda que reprocessou o cinema de inclinações expressionistas para fundar a identidade da filmografia sueca, em títulos como A Carruagem Fantasma.

Voltando a Manoel de Oliveira. O decano lusitano estará em São Paulo para acompanhar as homenagens em torno de seu nome e para o lançamento de um livro de entrevistas e análises, nos moldes do que a Mostra e a editora Cosac Naify já fizeram com Amos Gitai e Aleksandr Sokurov em outros anos. Quem também comparece à cidade é Victoria Abril, atriz dos almodovarianos Kika e De Salto Alto, para algumas exibições de filmes por ela protagonizados e para um show como cantora, carreira na qual se iniciou recentemente com o disco Putcheros do Brasil, no dia 28, no Sesc Pinheiros.

Ainda no departamento dos homenageados, o italiano Roberto Rossellini (1906-1977) terá as comemorações de seu centenário antecipadas no evento. Sua filha, a atriz Isabella Rossellini, escreveu e interpretou o curta Meu Pai Tem 100 Anos, dirigido pelo canadense Guy Maddin e programado para exibição em São Paulo, como também assina a arte do cartaz da 29ªMostra.

Para arrematar uma programação já tão vistosa, uma série de workshops e debates ministrados por gente como Danis Tanovic (o diretor bósnio de Terra de Ninguém, premiado com Oscar de filme estrangeiro) e o produtor Cedomir Kolar (de filmes como Arizona Dreams, Antes da Chuva e Trem da Vida).




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