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Alimentos representam metade do lixo diário
Yuri Giannella
06/09/2009 | 07:18
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O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e, ao mesmo tempo, é um dos países que mais desperdiçam comida. Estudo realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) mostra que o índice de desperdício na área de refeições coletivas é de 15% e chega a 20% nas cozinhas das famílias. Mais de 50% do lixo produzido diariamente no Brasil são sobras de alimentos.

Grande parte do que é desperdiçado no país ocorre nos processos de colheita, transporte dos alimentos e manuseio. Esse último representa 50% do total. Outros 30% representam o que é perdido nas centrais de abastecimento. "Falta muito para a gente atingir a meta de redução de desperdício. Tem que se desenvolver toda uma ação de educação e conscientização com empresas, comércio de alimentos e com a indústria, envolvendo todo o ciclo do alimento, desde a produção até o consumo", disse a técnica em agropecuária Luci Serra.

Apenas na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), o descarte diário de alimentos chega a 100 toneladas. No fim das contas, o consumidor sai perdendo porque todo esse desperdício é repassado ao valor final do produto.

Muitas vezes se perde um produto para checar sua qualidade, como, por exemplo, apertar frutas e legumes para avaliar se está apropriado para o consumo. Uma das saídas é incentivar campanhas publicitárias para as residências, onde o desperdício é grande.

Cursos de aproveitamento dos alimentos favorecem essa redução de desperdício também. Como é o caso das oficinas realizadas pelo BMASA (Banco Municipal de Alimentos de Santo André), que ensinam como manipular alimentos e como obter aproveitamento e diversificação na preparação de pratos.

O descuido nas feiras e centros de venda gera alternativas de renda também. Os restos recolhidos acabam sendo revendidos por preços menores a pessoas que esperam o final da feira. Há quem utilize para o próprio consumo, como é o caso de Nilza Martins da Luz Fortunato, desempregada, mãe de seis filhos. "Os feirantes me dão bons alimentos. Me deram agora couve, repolho e mistura", afirmou.

Acostumados com a realidade do desperdício, os próprios feirantes encorajam o recolhimento das sobras do dia. "Se não vender no mesmo dia, para o outro não presta. Eu prefiro dar para as pessoas que vêm pedir aqui. O que a gente vê que dá para aproveitar a gente entrega", comentou o feirante Gilmar Oliveira.

Como forma de construir mais uma ponte entre os produtos que sobram e os bancos de alimentos, Diadema criou uma parceria com os pequenos e médios produtores. "O Brasil é um grande produtor de alimentos, mas quem abastece o mercado interno são os pequenos produtores. Na década de 60, 55% da população vivia no campo. Hoje está em torno de 16%. Se não houver incentivo ao pequeno produtor, na comercialização do seu produto, ele acaba desistindo", afirmou Luci Serra.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que pelo menos 14 milhões de brasileiros passam fome. E parte dos alimentos que podiam alimentá-los acaba indo diretamente para o lixo.

Para o coordenador da divisão do Banco de Alimentos da Secretaria de Segurança Alimentar de Diadema, José Carlos Gonçalves, é uma questão de educar a população. "O alimento, na nossa concepção, é uma isca para trazer a comunidade para participar dos movimentos com a prefeitura, reciclarem, fazerem um estudo, aprenderem alguma coisa, para depois poder nos ajudar."

O conteúdo editorial desta página é de responsabilidade da Universidade Metodista de São Paulo, com Supervisão editorial do jornalista Rodolfo Martino




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