Ouvindo críticas ao formato da disputa interna, o ex-prefeito de São Bernardo e atual presidente do PT paulista, Luiz Marinho, foi escolhido ontem como futuro candidato petista a governador de São Paulo. Com 660 votos (79%), Marinho superou o também ex-prefeito Elói Pietá, de Guarulhos, que teve a adesão de 175 (21%) delegados.

As prévias deram fim à incerteza que pairava sobre a candidatura de Marinho ao Palácio dos Bandeirantes, que embora tenha recebido bênçãos públicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enfrentava resistência de alguns setores do petismo para ser oficializada.

Durante o pleito interno, Pietá e seus apoiadores criticaram em seus discursos o fato de o direito ao voto nas prévias estaduais ter sido, pela primeira vez na história do partido, restringido aos cerca de 1.200 delegados da legenda, em vez de toda a militância do partido no Estado, de aproximadamente 400 mil. “Um partido democrático como o nosso só tende a crescer se ele exercer a democracia”, alfinetou Pietá em sua fala, minutos antes da votação. Após a divulgação do resultado, no início da noite, Pietá voltou a polemizar: “Não tivemos prévias”.

Marinho havia se colocado como pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes ainda no ano passado. De lá para cá, militantes – incluindo o próprio Pietá – defendiam abertamente que o escolhido fosse o ex-prefeito da Capital Fernando Haddad, que também é visto como plano B do partido caso Lula não viabilize sua candidatura ao Planalto. Haddad não foi ao ato de ontem, mas gravou um vídeo em apoio à candidatura de Marinho.

Prefeito de São Bernardo por dois mandatos (2009-2012 e 2013-2016) e ex-ministro do Trabalho (2005-2007) e da Previdência (2007-2008) nos governos Lula, Marinho terá de superar o fraco desempenho nas pesquisas de intenções de voto – registrou 5,5% em recentes sondagens, bem atrás do prefeito da Capital, João Doria (PSDB), de Paulo Skaf (MDB) e de Celso Russomanno (PRB), mas à frente do vice-governador Márcio França (PSB).

Em seu discurso final, Marinho colocou panos quentes na briga interna. “Nossa diferença (com Pietá) é mixaria perto das tarefas que temos lá fora”, minimizou.

SENADO
O encontro também referendou por unanimidade o nome do vereador da Capital Eduardo Suplicy como futuro titular de uma das duas vagas do PT paulista ao Senado. Parte da cúpula do partido em São Paulo defendia que Suplicy fosse candidato a deputado federal para puxar votos para a sigla. Com 489 sufrágios (58%), Jilmar Tatto ficou com a segunda vaga, em disputa com a vereadora paulistana Juliana Cardoso, que recebeu 350 adesões (42%).