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Espera por moradia de 2.738 famílias deve ter fim até dezembro

Promessa da Caixa é entregar sete condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida em quatro cidades

Natália Fernandjes
04/02/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Quatro anos. Este é o tempo que a auxiliar de limpeza desempregada Cristiane Alves da Silva, 35 anos, aguarda para a concretização de promessa de solução habitacional para a família, que vive em assentamento precário localizado às margens da Via Anchieta (no km 24), em São Bernardo.

Desde 2014, a moradora, assim como outros 11.977 habitantes do Grande ABC cujos imóveis já foram contratados em parceria entre prefeituras e governo federal, têm renovada a esperança de trocar lares localizados em áreas impróprias, de risco ou temporários – no caso daqueles que vivem em auxílio-aluguel – por apartamentos viabilizados por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. Conforme a Caixa Econômica Federal, a previsão é a de que a espera termine para 2.738 famílias de quatro cidades neste ano.

A Caixa Econômica Federal informa que, desde 2009, quando teve início o programa, foram contratadas 27.936 unidades na região, sendo que 57% deste total foram finalizadas (15.959). Até dezembro, estão programadas entregas de sete condomínios destinados à faixa 1 do projeto, segmento que atende a população com renda mensal de até R$ 1.800, sendo que a compra é subsidiada em até 90% pela União. São eles: Nova Conquista (120 unidades), Santo Dias (500) e Novo Pinheirinho (410), em Santo André; Independência (420), em São Bernardo; Caroline Lacerda (220) e Vitória (228), em Diadema; e Altos de Mauá (840), em Mauá.

Para a moradora de São Bernardo, a proximidade da entrega das moradias tão aguardadas reacende esperança de deixar o imóvel de dois cômodos, que divide com o marido e dois filhos – com 4 e 11 anos – e, com isso, dormir tranquilamente em dias de chuva. “Compramos o terreno, ainda no barro, há 11 anos por R$ 5.000. Fomos juntando madeiras de obras vizinhas e conseguimos erguer essa casa, mas é impossível dormir tranquila quando cai um temporal”, destaca Cristiane.

O destino da auxiliar de limpeza desempregada deve ser o Residencial Independência, que está sendo erguido no bairro do Montanhão desde 2012. A construção – com 75% de execução concluída – dará lugar a 420 apartamentos de 42 metros quadrados com dois dormitórios, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. “Nunca visitamos, mas já participamos de várias reuniões de condomínio desde o cadastro. Só de saber que não vamos mais conviver com esgoto aberto no quintal já é uma conquista.”

As obras do conjunto têm investimento de R$ 50 milhões e foram paralisadas em fevereiro de 2016 por problemas financeiros. A Prefeitura retomou o processo com a Caixa Econômica Federal e a empresa Enplan no ano passado e os trabalhos foram reiniciados, com previsão de entrega para setembro.

DEFICIT
Quando se leva em conta o deficit habitacional da região – 230 mil moradias –, conforme estudo elaborado pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, é possível afirmar que a quantidade de imóveis produzidos e entregues à população por meio do Minha Casa, Minha Vida corresponde a apenas 6,9% do total de famílias que precisam de moradia na região.De acordo com o Ministério das Cidades, as causas de paralisação ou lentidão das obras possuem natureza diversificada, como “aspectos climáticos, escassez de mão de obra, abandono de construtoras e erros de projeto”.

Novo Pinheirinho será entregue neste mês
Os primeiros beneficiados com a entrega de moradias são as 410 famílias do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) que vão residir no Residencial Novo Pinheirinho, em Santo André. A expectativa é a de que a conclusão das obras ocorra até o fim do mês. O empreendimento, no Jardim do Estádio, recebeu investimento de R$ 50,6 milhões e deveria ter sido entregue em 2015.

Ainda na cidade, o Residencial Nova Conquista tem prazo de entrega estimado para março. A obra, de responsabilidade da ONG Amova, deveria ter sido liberada em 2015 e estava paralisada há pelo menos dois anos por falta de verba. Já no caso do Residencial Santo Dias, também no Jardim do Estádio, a conclusão está prevista para abril.

MAUÁ
Recheado de polêmicas, a segunda etapa de obras do Residencial Altos de Mauá atenderá famílias do Oratório, Cerqueira Leite e Chafik/Macuco. Parte dessas pessoas aguarda a conclusão, sem previsão de mês, em auxílio-aluguel. A primeira fase do condomínio – 520 apartamentos – foi entregue em junho do ano passado, após três anos de atraso. O empreendimento, fruto de parceria entre as três esferas de poder e o MSTU (Movimento dos Sem-Terra Urbano), foi alvo de pelo menos três tentativas de invasão por integrantes de assentamentos da cidade e de autuação devido a ligação ilegal da rede de água e esgoto. O projeto tem investimento total de R$ 71,4 milhões.




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