O torcedor do Santo André pode ficar tranquilo: as intenções da diretoria e o regulamento do Campeonato Brasileiro da Série C respaldam a utilização do Bruno Daniel pelo clube durante a participação andreense na competição nacional, mesmo com a capacidade do local reduzida a 8.000 lugares. Isso porque o regulamento do torneio exige o mínimo de 5.000 espectadores sentados para as duas primeiras fases, o que vai ao encontro da ideia do presidente da Gestão Empresarial Ronan Maria Pinto, que negou os rumores de que os dirigentes tirariam os duelos da cidade em protesto pelas más condições do estádio.

"Não queremos ou vamos transferir os jogos da Série C. Estamos aguardando o que vai acontecer. A Prefeitura nos disse estar em estudo final para início das obras. Mas não dá para prever", afirmou o mandatário.

Se a administração municipal confirmar para julho as intervenções no Bruno Daniel, conforme se comprometeu com a FPF (Federação Paulista de Futebol), a data coincidirá com o início da disputa da Série C. Mas como seriam obras localizadas, especificamente na marquise sobre as cadeiras cobertas, não haveria interferência na utilização da arquibancada.

Caso o Ramalhão passe à terceira e quarta fases, o que é a expectativa da diretoria, comissão técnica, jogadores e torcedores -, terá de se enquadrar à exigência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que exige mínimo de 10 mil lugares para essas etapas.

Para complicar, a CBF não permite a instalação de arquibancadas tubulares ou móveis - prática adotada pelo Ramalhão em 2005 quando disputou a Copa Libertadores da América - para ampliar a capacidade do Bruno Daniel a 20 mil assentos.

Em nota enviada ao Diário, a FPF afirma que o estádio andreense segue parcialmente interditado até que a documentação necessária seja regularizada.

"Enquanto o laudo de segurança não for retificado, o Bruno José Daniel continuará com a capacidade reduzida. Esta determinação é válida também para a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro da Série C", diz a nota.

COPA DO BRASIL

O Santo André disputa a segunda fase e pode garantir-se na terceira caso vença o Sampaio Correa-MA por 1 a 0 no jogo de volta (dia 6, no Bruno Daniel). Se avançar, enfrentará o Palmeiras, mas ao contrário do que muitos pensam, não haverá problemas para o Ramalhão jogar em casa. Isso porque de acordo com o regulamento da Copa do Brasil, até a quarta fase (equivalente às quartas de final) não há número mínimo de lugares disponíveis aos torcedores.

Assim como na Série C, os dirigentes querem mandar os jogos no Bruno Daniel até quando for possível pelo regulamento. "Também não temos a intenção de jogar fora na Copa do Brasil", disse o presidente Ronan Maria Pinto.

Prefeitura segue calada sobre reforma do Brunão

Mais um dia se passou e a Prefeitura de Santo André segue sem se pronunciar sobre o Estádio Bruno Daniel. A equipe do Diário tentou contato telefônico, enviou perguntas por e-mail e mais uma vez continua sem respostas da administração municipal com relação ao possível início das obras no local e adequações às exigências do Ministério Público para total segurança dos torcedores.

O principal problema do estádio é a marquise sobre as arquibancadas cobertas. Com infiltrações aparentes, vegetação crescendo nas rachaduras e grande vazão de água em dias de chuva, não é de hoje que a área segue colocando os torcedores em risco. Mas foi somente no início deste ano que a Promotoria de Justiça do Consumidor interditou o Bruno Daniel por questões de segurança.

No fim de janeiro, porém, após o Santo André ter feito dois jogos em casa sem a presença da torcida, a Federação Paulista de Futebol, atendendo a recomendação do Ministério Público, liberou parcialmente o estádio para 8.000 pessoas.

MAIS RIGOR

Ano após ano, o corre-corre dos clubes é o mesmo no início da temporada para colocar os estádios em condições de receber as partidas, com todos os laudos regularizados. O aparente descaso de prefeituras e dirigentes está na mira do Ministério Público. De acordo com o promotor Roberto Senise, para 2012 a ideia do órgão é ser mais rigoroso sobre as praças esportivas e algumas soluções são sugeridas.

"Houve melhora em relação ao ano passado. A Federação Paulista de Futebol foi muito pressionada pelo Ministério Público sobre esse assunto e houve avanços, mas tímidos. Tem muito mais a se fazer", disse o promotor. "Neste ano, abri mão da data inicial porque percebi que os clubes não estavam cumprindo. Mas para 2012 não vou abrir e se não estiver em condição, não tem jogo, nem que se crie rodada dupla ou tripla no mesmo estádio", concluiu.

Time retorna do Maranhão com atenções voltadas ao Oeste

A delegação andreense retornou ontem pela manhã da viagem a São Luís, no Maranhão, onde o time foi derrotado pelo Sampaio Correa, por 3 a 2, anteontem, pela Copa do Brasil. Sem muito tempo para lamentar o resultado, o Ramalhão já volta as atenções ao compromisso de amanhã (18h30), contra o Oeste de Itápolis, pelo Paulistão, no Estádio Bruno Daniel.

Em relação ao duelo no Maranhão, quatro jogadores devem voltar ao time titular, casos do zagueiro Anderson, do lateral-direito Iran e do volante Magno, poupados e que sequer viajaram com o elenco. Outro que pode reassumir o posto entre os 11 principais é Rychely, que entrou no segundo tempo diante do Sampaio Correa, deu velocidade ao time, ajudou na reação - o Santo André perdia por 3 a 0 - e mostrou que não pode ficar de fora.

Ontem, os atletas que atuaram em São Luís não treinaram, enquanto os demais fizeram atividades em dois períodos. O treino da manhã de hoje foi cancelado por opção de Sandro Gaúcho e, assim, todo o elenco trabalhará junto apenas na parte da tarde, às 15h30, no local da partida , quando o treinador definirá a equipe que inicia o duelo.

Torcida aguarda Saged para iniciar ação de marketing

A torcida decidiu agir. Vendo as deficiências do Santo André na parte de ações de marketing, a Fúria Andreense se mobiliza para realizar venda promocional de ingressos por 12 pontos da cidade. O presidente da Saged (Santo André Gestão Empresarial Desportiva), Ronan Maria Pinto, já deu o aval para que seja colocado em prática para a partida de amanhã, contra o Oeste. Porém, ainda faltam detalhes burocráticos por parte da Saged para concretizar a ação.

"Nossa intenção é que já seja para esse jogo. Vamos criar esse pontos de venda com preços abaixo da meia-entrada da bilheteria. Além disso, estamos fazendo panfletagem em vários pontos da cidade, como a Oliveira Lima, chamando para a partida e destacando, principalmente, a gratuidade a menores de 12 anos e maiores de 60 no Bruno Daniel", disse o presidente da Fúria, Renato Ramos, citando a lei municipal que determina que crianças e idosos não paguem.

Segundo ele, a torcida tomou a frente por ver a carência na gestão do clube nessa área. "Se o Santo André não tem estrutura física para isso, a gente ajuda. Estamos querendo colaborar. É um momento de união de todos para tirar o Ramalhão desta situação no Paulista e avançar na Copa do Brasil", concluiu.