Esportes Titulo 50 anos do Ramalhão
Paulista de 1975 foi o primeiro título

Com o Bruno José Daniel lotado, a partida contra
Grêmio Catanduvense foi nervosa do começo ao fim

Marcelo Argachoy
Especial para o Diário
e Anderson Fattori
14/09/2017 | 07:00
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Banco de Dados/DGABC


Oito anos. Esse foi o tempo necessário para o Santo André conquistar o primeiro título de sua história: o Paulista da Primeira Divisão (segundo nível do futebol estadual).

Foi na tarde do dia 14 de dezembro de 1975. Após empate sem gols contra o Grêmio Catanduvense no Interior, uma semana antes, bastava a vitória para a conquista.

Com o Estádio Bruno José Daniel lotado, a partida foi nervosa do começo ao fim, contando com as condições precárias do gramado.

Ao término do primeiro tempo, a igualdade sem gols persistiu, mesmo com chances de ambas as equipes e até reclamações dos donos da casa por suposto pênalti em Tulica que não foi marcado pelo juiz Romualdo Arpi Filho.

Cinco minutos depois da volta do intervalo, o Santo André balançou a rede, em cabeçada do meia-atacante Souza. A euforia no campo foi tanta que até um policial que estava a serviço foi abraçar o jogador, então com 21 anos.

“Foi o dia mais feliz da minha carreira”, disse Souza, em entrevista ao Diário à época.

“Até hoje eu recordo desse jogo. Ainda tenho em casa o jornal com a matéria daquela decisão”, relembrou ontem Souza, agora treinador nas categorias de base do São Bernardo. “Quando falo do time de 1975 até fico emocionado, era muito bom”, declarou.

Uma partida tão importante não podia deixar de ter a marca do maior artilheiro da história do Santo André. De forma antológica, Tulica fechou o placar, marcando um de seus 63 gols pelo Ramalhão.

Sem ângulo, o centroavante driblou um defensor do Catanduvense e estufou a rede aos 32 minutos.

Depois do apito final, muita festa em toda a cidade. Apesar do título não ter valido o acesso para a Divisão Especial de 1976, a comemoração foi enorme, incluindo caravana pela cidade.


Tulica, o maior artilheiro da história

Não se pode falar da história do Santo André sem se referir a Alberto Soares de Araújo, o Tulica. Entre idas e vindas, o centroavante atuou no clube de 1971 a 1983 e ainda é o maior artilheiro da história, com 63 gols. Ele morreu em fevereiro de 2012, aos 60 anos, por complicações da diabete.

Revelado na várzea de Utinga, Tulica sempre foi temperamental. Acumula grandes momentos, como o gol que considerava o mais bonito da carreira, em 1974, contra o Paulista de Jundiaí, quando acertou cabeceio de fora da área. Mas, nos bastidores, brigou com o presidente Acyr de Souza Lopes e acabou emprestado ao São Bento.

O centroavante viveu o ápice da carreira em 1972, quando foi cedido, por empréstimo, ao Santos, mas com apenas 20 anos, não se firmou. Viveu outro grande momento ao conduzir o Santo André ao seu primeiro título, em 1975.
Nascido em Santo André, Tulica era muito conhecido na cidade. Vestiu as camisas do Vila Nova-GO e do Uberaba-MG antes de ir para o Fluminense, em 1980. Encerrou a carreira no Grêmio Mauaense, no qual permaneceu de 1983 a 1987. No fim dos anos 2000 ensinou um pouco do seu talento aos garotos da escolinha de futebol do Santo André, na sua última ligação profissional com o clube.

Tulica é tipo de jogador que é raridade no futebol moderno. O centroavante treinava com bola de areia para aumentar a potência do cabeceio e tinha como principal arma o posicionamento na área.

O polêmico atacante ostentava com orgulho o fato de ser o maior artilheiro da história do Santo André. Com 63 gols, ele quase foi ultrapassado por Sandro Gaúcho, que fez 58, e Arnaldinho, que balançou as redes 52 vezes, mesmo sendo volante.  




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