Política Titulo Fundo de quintal em Diadema
Dono de firma diz desconhecer licitações

À CPI, empresário não soube informar dados básicos sobre a empresa, que recebeu R$ 1 mi

Júnior Carvalho
do Diário do Grande ABC
06/05/2017 | 07:00
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Divulgação


Dono da construtora Mendonça e Silva, contratada pelo governo do prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), Orisvaldo José da Silva afirmou ontem à CPI da firma de fundo de quintal que desconhece trâmites de concorrência pública e a própria Lei de Licitações (8.666/93).

Contratado pelo Paço desde 2014 sem licitação – recebeu R$ 961,4 mil em convênios –, o empresário não soube relatar aos parlamentares informações básicas sobre a sua própria empresa. Questionado sobre o valor do capital de giro e da firma e do BDI (Benefício e Despesas Indiretas) – índice utilizado para calcular o orçamento das obras – , Orisvaldo titubeou e não soube responder. “Não tenho conhecimento”, afirmou, ao emendar que o sogro, cujo nome ele se negou a revelar e que não é sócio formal da construtora, é o responsável por calcular os valores cobrados pela firma.

“Aí que começa a me preocupar. A gente fala de empresa que têm know-how e que têm de ter atestado técnico”, rebateu o vereador Josa Queiroz (PT), relator da CPI e autor das perguntas.

Orisvaldo foi depor à comissão sozinho, portando apenas uma pasta em mãos. Ele entregou aos parlamentares contrato social da firma e alvará de funcionamento – a empresa não possui sede própria e seu endereço cadastrado remete a cortiço na periferia da cidade.

Durante cerca de 40 minutos de diligência, o empresário confirmou várias das informações reveladas com exclusividade pelo Diário desde o dia 1º de março, como ter iniciado no ramo da construção civil por meio do sogro e por ter a Prefeitura de Diadema como primeiro e único cliente público. Orisvaldo não soube explicar, porém, como a Mendonça e Silva foi contratada por meio de carta-convite mesmo sem histórico de acordos públicos.

Questionado se conhecia Marcos Michels (PSB), atual presidente da Câmara e secretário de Educação à época dos contratos, e Pedro Michels, tio do prefeito e do socialista, Orisvaldo disse que sim, mas só depois que começou a prestar serviços para o Paço.

“Isso me parece estranho. A Prefeitura contratar uma empresa que o titular não sabe que existe uma lei que trata de licitações é muito mais estranho”, comentou Josa. Para o líder do governo Célio Boi (PSB), a falta de desconhecimento sobre questões básicas da empresa por parte do próprio dono da firma “não complica o governo”. 




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