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Terceira onda de gripe suína é contestada por especialista
Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
11/10/2010 | 07:31
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O médico John Oxford, professor da faculdade Barts & The London School of Medicine and Dentistry de Londres, na Inglaterra, divulgou uma pesquisa no mês de agosto que alerta o mundo para a ocorrência de uma nova pandemia do vírus H1N1, que deixou o planeta em atenção há um ano. Um dos principais pesquisadores no mundo do vírus influenza, o virologista afirma que, baseado em pandemias do século passado, a circulação do vírus pode ganhar força no terceiro ano de surto e atingir principalmente a terceira idade. "Os surtos de 1918, de 1957 e de 1968 mostram que o problema piorou conforme as ondas se sucediam. Então, se estamos interessados em preveni-las, ainda é preciso tomar muito cuidado. Muitas pessoas acreditam que tudo está controlado. Mas no ano que vem haverá uma mudança, pois o único grupo que não foi atacado até agora é o das pessoas com idade superior a 65 anos", afirma o médico.

De acordo com o especialista, é possível que o vírus mude suas características biológicas a partir de 2012. "Cientistas do mundo todo estão atentos às mutações. No final do inverno deste ano vamos procurar saber se já existem os primeiros vírus mutantes."

Porém, a previsão feita pelo infectologista europeu não coincide com o ponto de vista do Dr. Elie Fiss, chefe da disciplina de Pneumologia da Faculdade de Medicina do ABC. "A história mostra uma segunda onda, mas antes não havia vacinação em massa. Não tem que ter alarde. Este ano está controlado. No Brasil, foram 90 milhões de pessoas vacinadas. Entre 10 a 30 anos o vírus influenza sofre uma grande mutação, que tem potencial de gerar uma pandemia. Quando o vírus sofre mutação, não sabemos se será capaz ou não de provocar o surto. Qualquer coisa é especulação. Não podemos prever que será o ano que vem e em idosos", explicou.

PROGRAMA
A FMABC deu início em junho deste ano ao monitoramento do vírus H1N1 e promoveu mutirão com consultas gratuitas e vacinação do público. Os interessados tinham entre 18 e 70 anos. A ação foi resultado da parceria entre a disciplina de Pneumologia da Medicina ABC e o laboratório Novartis para estudo do comportamento do vírus H1N1 durante um ano. Estão em teste dois tipos de imunização: a Focetria (vacina da campanha atual do Ministério da Saúde) e a Begrivac (vacina contra o H1N1 mais a antigripal comum). Todo o acompanhamento é gratuito.


São Bernardo registrou uma morte este ano
Em 2009, Santo André teve 184 casos da doença confirmados e 16 óbitos. Já neste ano, houve apenas dois casos confirmados e nenhum óbito. Em 2010, 336.160 pessoas foram imunizadas contra o H1N1 na cidade, número que garantiu a cobertura vacinal dos grupos prioritários. São Bernardo registrou 210 casos em 2009, com 13 óbitos. Este ano, foram dois casos e apenas uma morte.

Apesar de ter notificado 16 pessoas por suspeita de infecção com o vírus, nenhum caso foi confirmado este ano em São Caetano. Em 2009, foram 218 casos, 54 confirmados, 154 descartados, dez diagnosticados por influenza sazonal e quatro óbitos. No mesmo período em Mauá, foram notificados 172 casos pela gripe, mas nenhum foi confirmado este ano.

Em Diadema mais de 220 mil pessoas foram imunizadas com a primeira dose da vacina contra o vírus e cerca de 15 mil receberam a segunda dose, totalizando mais de 235 mil doses aplicadas em pessoas pertencentes aos grupos prioritários. O município não registra nenhum óbito ou caso confirmado da doença em 2010. Em 2009, no entanto, foram registradas 439 notificações, sendo 82 casos confirmados, dez óbitos e o restante desconsiderado.

De acordo com a prefeitura de Ribeirão Pires, as orientações foram reforçadas nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e escolas sobre os cuidados necessários para evitar a transmissão dessa e de outras doenças. Em 2009, foram registrados 138 casos de suspeita da gripe, sendo quatro óbitos. Rio Grande da Serra não registrou casos da doença nos últimos dois anos.

Faculdade realiza novos estudos sobre asma e fibrose

Assim como o estudo que acompanha o comportamento do vírus H1N1, outras pesquisas também estão em andamento na faculdade. A disciplina de Pneumologia seleciona pacientes para estudo inédito sobre fibrose pulmonar idiopática, doença crônica que não tem cura e envolve os dois pulmões. Os candidatos devem ter mais de 18 anos e diagnóstico confirmado da doença. O tratamento é gratuito, incluindo consultas ambulatoriais e medicação oral.

"Somente após parecer positivo começamos a triagem dos pacientes que poderão participar do estudo. Esse procedimento é extremamente relevante, pois garante que os trabalhos são conduzidos com segurança", explica Dr. Fiss.

Outro estudo em andamento na faculdade é sobre asma, doença inflamatória que ocorre nos brônquios. A disciplina de Pneumologia também realiza triagem de pacientes para quatro estudos sobre asma já em andamento. Outros três têm início previsto para 2011.

As pesquisas são direcionadas a homens e mulheres com mais de 18 anos que apresentem a doença de maneira persistente (sintomas constantes) nos níveis leve, moderado ou grave. O tratamento não tem custo e tem duração média de 16 semanas.




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