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Versos para despedida
Sara Saar
Do Diário do Grande ABC
08/02/2011 | 07:02
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Da morte do pai nasceu o motivo da poesia carregada de sentimento. "Foi o dia mais triste da minha vida", confessa a produtora andreense Ana Cristina da Silva, 41 anos. Em tom de homenagem, Cris - como prefere ser chamada - expandiu o poema 'Veio Gente' para a videoinstalação homônima, que terá abertura na quinta-feira, às 19h, no Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa.

Diferentes linguagens - literatura, teatro, vídeo e artes plásticas - prometem impactar em estímulo de sensações. No projeto, centenas de sapatos representam amigos, parentes, vizinhos e desconhecidos. São eles bem-vindos, ou não. "No dia do velório, você quer receber as pessoas porque faz parte do rito e, ao mesmo tempo, não quer porque você se fere", posiciona-se.

Os calçados tomam forma de mandala, cujo desenho sugere a convergência. A mensagem é única: "Tudo vai para o mesmo lugar. Todos vão morrer. A única certeza que nós temos é essa", defende.

A mandala é disposta em painel de 3 m x 2 m. No centro, televisão transmite vídeo, gravado em 2009, que tem duração de 12 minutos. Nele, há a performance de quatro atores andreenses (Arlete Ferreira, Val Mataverni, Marco Stocco e Lila Vitor de Oliveira) que se revezam no centro de outra mandala para fazer a leitura dramática do poema. Exclusivamente na abertura o quarteto fará interpretação ao vivo.

No chão do museu, círculo com única fila de sapatos tem o mesmo simbolismo. Trata-se de outro convite à reflexão.

POEMA
"Descrevi tudo o que sentia e observava no velório", conta Ana Cristina, que não pensa no formato enquanto escreve. Segundo ela, o texto vira poesia quando as pessoas o leem.

Desde criança, tem o hábito de colocar os pensamentos no papel. "Geralmente, escrevo páginas de uma vez e não mostro a ninguém. Tenho quatro cadernos universitários escritos. Os textos são muito meus", afirma.

O que a fez compartilhar a poesia com o público? O incentivo de um amigo, além da necessidade de homenagear o pai (morto em julho de 2009) que em nenhum momento tem identidade revelada. "Nunca fui ao cemitério. Com a videoinstalação, parece que continuo velando", reflete.

Inviabilizada pelo número de sapatos, a ideia original era construir mandala de modo a preencher quadra esportiva. "O ator ficaria no centro, única área vazia, para recitar a poesia em megafone".

Veio Gente Videoinstalação. No Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa - Rua Senador Fláquer, 470, Santo André. Tel.: 4438-9111. Abre na quinta-feira, às 19h. Visitação: de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 16h30. Temporada até dia 25. Grátis.




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