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Promotor frustra 'caça' a criminoso de aposentados
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
06/10/2004 | 09:05
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O Ministério Público de Diadema quebrou o esquema armado pela Polícia Civil nesta terça para caçar um dos suspeitos de roubar e agredir a pauladas aposentados em Diadema. Por volta das 19h, as equipes de investigação comandadas pelo delegado da seccional de Diadema, Mitiaki Yamamoto, foram obrigadas a recuar depois de a promotoria da Justiça pedir "prazo para apreciação" do pedido de prisão temporária e de busca e apreensão do terceiro suspeito de envolvimento nos crimes.

O homem foi identificado pela polícia na sexta-feira da semana passada e, desde então, está sendo vigiado por policiais à paisana. Na noite de nesta terça, ao receber a decisão da promotoria, equipes da Polícia Civil estavam em uma viela sem saída de um bairro da cidade, endereço no qual o suspeito estaria escondido.

Procurado pela reportagem, o promotor criminal Guilherme (cujo nome completo não foi revelado), responsável pelo pedido de prazo para apreciação, não quis comentar o caso. "Mas é impressionante. Estamos com as mãos no sujeito e o Fórum frustra a operação", disse Mitiaki. O delegado disse que o pedido de prisão não foi feito na semana passada porque a legislação eleitoral não permite a prisão de ninguém 48h antes nem 48h depois das eleições. Com exceção de flagrantes.

Mitiaki disse que tem provas concretas de envolvimento deste suspeito em pelo menos um dos crimes. Agora, diante do parecer da promotoria, o delegado pode ter de suspender até as 19h desta quarta a prisão temporária. Este é o prazo legal que o MP tem para decidir se concede ou não o pedido da polícia.

"Pedimos busca e apreensão porque temos informações de que o suspeito estaria com documentos (cartão bancário e RG) de uma das vítimas", afirmou o delegado que ainda mantém em sigilo a identidade do suspeito e as provas contra ele. Mitiaki também afirmou que o homem caçado não "é necessariamente o que aparece nas imagens gravadas pelo circuito interno de monitoramento do Unibanco". As imagens divulgadas na semana passada mostram um homem de pele morena, com idade entre 35 e 40 anos e aproximadamente 1,70 m fazendo tentativas de saque no caixa eletrônico onde está registrada a saída de R$ 100 da conta de Antônio Meirelles. O saque aconteceu às 8h20 do dia 5 de agosto, um dia após o corpo da vítima ser encontrado entre os Kms 17 e 18 da rodovia dos Imigrantes.

Ao todo, a polícia investiga nove crimes semelhantes. As vítimas são homens aposentados que foram roubados e agredidos a pauladas após sacar o dinheiro do benefício em agências bancárias da região central de Diadema. Destes, três morreram. As testemunhas sobreviventes ajudam a polícia a localizar os criminosos.

Além do suspeito desta terça, a Polícia Civil investiga ainda a participação de um jovem de 23 anos nos crimes, que está preso há dez dias, e do homem que aparece nas imagens cedidas pelo Unibanco.

Vítimas - Os crimes contra aposentados em Diadema ocorrem desde maio. O primeiro caso registrado foi o de S.L.S., 73 anos, que sobreviveu. Depois do ataque, S. perdeu 100% da visão de um dos olhos e lentamente tenta recuperar a visão do outro.

Até o momento, nove crimes com características semelhantes estão sob investigação da polícia da cidade. Os inquéritos sobre as quatro mortes, de Antônio Correia Meirelles, 74 anos, Luiz Carlos Minitti, 44, Dércio Gonçalves Siqueira, 43, e João de Deus Pereira, 80, estão a cargo da Delegacia de Homicídios. Já as testemunhas sobreviventes colaboram com os investigadores da seccional na elaboração do retrato falado e no reconhecimento de fotos dos suspeitos identificados.

Foi por conta do assassinato de Pereira, que era avô de um investigador da Polícia Civil, que a força-tarefa que reúne 25 homens de Diadema na caça aos envolvidos foi iniciada. "A partir deste crime cruzamos as informações sobre as demais ocorrências semelhantes.", afirmou o delegado da seccional. O corpo de Pereira foi encontrado o dia 18 de setembro, no mesmo ponto da Imigrantes.

Nesta terça, além do mandado de prisão solicitado, a polícia também teria uma foto melhoradas e com mais detalhes do homem que aparece nas imagens do Unibanco. "Não sabemos ainda se trata-se da mesma pessoa porque precisamos estar com ele cara-a-cara para comparar", afirmou Mitiaki que não tem mais dúvidas de que há mais de uma pessoa envolvida nos ataques aos aposentados.

Mitiaki preferiu não divulgar agora a identidade da vítima sobrevivente - a nona da série - identificada na semana passada.




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