Eleições 2016 Titulo Mauá
Atila interrompe série de vitórias do PT em Mauá

Donisete Braga perde a reeleição e petismo sofre revés na cidade após 20 anos de triunfos

Por Junior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
31/10/2016 | 07:00
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Ari Paleta/DGABC


O deputado estadual Atila Jacomussi, candidato do PSB à Prefeitura de Mauá, superou o prefeito e postulante à reeleição, Donisete Braga (PT), e encerrou ontem série de vitórias do PT na cidade, iniciada em 1996. O socialista venceu o segundo turno do pleito com 64,47% dos votos válidos (112.788 sufrágios), contra 35,53% (62.169) do petista.

A derrota histórica do petismo em Mauá ocorre 24 anos depois do último revés do partido no município, no pleito de 1992. Embora tenha ficado de fora do comando do Paço entre 2005 e 2008, quando Leonel Damo (PMDB) assumiu o governo, naquele período o partido só foi tirado do poder por decisão judicial. O PT venceu o primeiro turno da eleição de 2004, mas, às vésperas do segundo turno, o então postulante da sigla, Márcio Chaves (hoje no PSD e aliado de Atila), teve a candidatura cassada pela Justiça Eleitoral e a Prefeitura caiu no colo de Leonel.

Será a primeira vez que o PSB governará Mauá. Vereador por dois mandatos e eleito deputado estadual pelo PCdoB em 2014, o socialista se uniu à família Damo para fortalecer seu projeto rumo ao Paço mauaense. Em troca do apoio, cedeu a vaga de vice a Alaíde Damo (PMDB), mulher de Leonel. Atila foi candidato a prefeito em 2012, mas ficou em terceiro lugar. Curiosamente, apoiou no segundo turno Donisete, contra a então deputada estadual Vanessa Damo (PMDB). Foi aliado do petista e geriu a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) na gestão.

Atila acompanhou a apuração de casa, ao lado da família. O socialista só chegou no comitê central da campanha, no Coke Luxe, por volta das 19h, quando o resultado já era irreversível. O local foi palco de festa antes mesmo do início da contagem dos votos, às 17h. Enrolados em bandeiras de Atila, militantes cantavam o jingle e cantarolavam músicas que satirizavam a derrota do PT. Primeiro colocado na etapa inicial, Atila repetiu a ampla vantagem sobre Donisete nesta etapa – teve 50.619 votos a mais que o petista. Em discurso inflamado e ladeado de aliados, o socialista lembrou de críticas que sofreu desde o início da campanha. “Mesmo sofrendo ataques, calúnias e mentiras, o povo de Mauá se manteve de pé”, esbravejou. Ao lado do pai, o vereador Admir Jacomussi (PRP), do filho Iago e da mulher, Andreia, Atila se emocionou ao lembrar do avô, Valdomiro, e de sua ex-mulher Carina, que morreu vítima de câncer. O socialista reforçou as propostas que fez durante a campanha e prometeu ser “o prefeito dos pobres e dos mais humildes”. “Mauá elegeu um filho da cidade como prefeito.”

Em entrevista ao Diário, o socialista criticou a gestão Donisete, mas evitou atrelar sua vitória ao desgaste do PT em nível nacional. “Não podemos dizer que o que aconteceu na política nacional nos deu a vitória. Foi o povo de Mauá que quis a mudança, não estava contente com a atual administração que o PT fez ao longo desses anos. A cidade conseguiu se libertar da opressão que vinha sofrendo.”

No comitê de Donisete, petistas ouviram agradecimentos do atual prefeito, que prometeu “fiscalizar para que Atila cumpra o que prometeu”.

“Se alguém me perguntar como estou, digo que estou triste porque eu queria ter vencido. Era um projeto que estava em debate. Perdemos, agora é levantar a cabeça e tocar a vida. Não é para ficar de cabeça baixa, as coisas têm que seguir o rumo da estrada, faz parte”, afirmou Donisete, que ligou para Atila para parabenizá-lo pela vitória.

Leonel, Vanessa e Alaíde não compareceram à festa de Atila.


Donisete bate boca com Márcio Chaves antes do voto
Petista alfineta falta de apoio do padrinho político, que retruca: ‘Você colocou o Atila na Sama’

Daniel Macário
Júnior Carvalho

A votação do prefeito de Mauá e candidato à reeleição pelo PT, Donisete Braga, foi marcada por troca de farpas entre o petista e seu padrinho político e ex-vice prefeito da cidade, Márcio Chaves (PSD).

Ao cruzar com Márcio no pátio da EE Professora Maria Elena Colônia, no Parque das Américas, Donisete indagou seu oponente sobre seu apoio a Atila Jacomussi (PSB) na disputa pelo segundo turno. No entanto, foi surpreendido com um ataque do seu padrinho político. “Não fui eu que o coloquei (Atila) na Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá)”, alfinetou Márcio, quarto colocado na disputa do primeiro turno.

A resposta esquentou os ânimos entre os adversários e familiares de ambos precisaram acalmar os políticos.

Correligionários até o ano passado, Donisete e Márcio já travavam desde 2008 disputas internas dentro do PT de Mauá – em 2010, Márcio foi candidato a deputado estadual, assim como Donisete.

Donisete, que ao longo da votação evitou a equipe do Diário, mais uma vez se esquivou. Ao ser questionado sobre suas perspectivas após a votação, o petista de forma irônica lançou comentários sobre futebol. “Eu avalio que o Palmeiras será campeão. Eu avalio que o Corinthians não chega.”

Atila votou às 13h, no Colégio Opção, na Vila Bocaina. Acompanhado de assessores, o socialista evitou, apesar do favoritismo, cantar vitória antes do final da votação. “Quero ganhar nem que seja por um voto. Nós temos de manter o pé no chão, a humildade. Eleição é eleição. Só é decidida depois da apuração do último voto. A apuração vai dizer quem venceu, quem ganhou a eleição. Estamos muito tranquilos, com sentimento de dever cumprido. Fizemos e apresentamos as propostas do plano de governo para toda a cidade e esperamos que a população tenha assimilado isso.”

O deputado também criticou os ataques que recebeu do PT neste segundo turno. “Isso é prática do PT, a velha política, a política suja, da baixaria e do desespero. Nós nunca vamos cair nesse tipo de política porque o povo não quer isso, o Brasil não quer e Mauá não quer mais.”  




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