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Polícia desmantela braço do PCC
e frustra resgate de preso em Fórum
Por Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
21/10/2005 | 08:11
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Um braço do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Grande ABC foi desmantelado na última quarta-feira, na CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) do Jardim Santo André, por mais de cem homens da Polícia Civil. Depois de uma operação pente-fino que vistoriou 512 apartamentos, oito pessoas foram presas e 12 fugiram. Por ordem da cúpula da facção criminosa, o grupo planejava praticar nesta quinta-feira uma megaoperação, com 30 homens e seis fuzis, para resgatar um preso que compareceria a uma audiência no Fórum de Santo André. Na última segunda-feira, os mesmos homens estariam entre os que praticaram o seqüestro de 12 pessoas em Mauá (veja texto na página 3). A Polícia Civil estuda ainda a possibilidade de que o grupo esteja envolvido na explosão de uma bomba próxima ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André, no último mês.

O resgate do preso, que ocorreria nesta quinta-feira, era uma questão de honra para o PCC. "Nas gravações, fica claro que os líderes encaravam o caso como uma missão e que qualquer falha seria inaceitável", relata o delegado Fábio Guimarães, titular do Nape (Núcleo de Apoio e Proteção às Escolas), do Denarc. No dia em que os oito suspeitos foram presos, ocorreria uma reunião na CDHU do Jardim Santo André em que seriam definidos os métodos usados no resgate do preso ainda não identificado.

O encontro aconteceria em um bar, dentro da CDHU, de propriedade do traficante conhecido como Beto Alemão, que escapou da polícia na última quarta-feira. A mulher de Beto, Rita de Cássia Oliveira, 29 anos, não teve a mesma sorte e foi presa, junto com sete homens.

No bar de Rita e Beto, funcionaria uma espécie de central telefônica. Lá, ocorreriam reuniões, por meio de teleconferências, entre soldados do PCC na região e líderes da facção, chamados de "torres", presos nas carceragens do Estado. Uma das "torres", que planejava o resgate em Santo André de dentro da cadeia, é Fernando Gonçalves dos Santos, o Azul, preso há menos de um mês, em Santos.

Os sete outros presos foram encontrados em apartamentos da CDHU, camuflados entre os moradores. "Eles invadiam os apartamentos e fingiam que eram da família que morava lá. Um deles, foi encontrado na cama, debaixo de um cobertor. Outro brincava com as crianças da casa como se fosse um familiar", relata o delegado Fábio Guimarães.


Investigações – As investigações sobre o PCC na região já duram seis meses. Durante esse tempo, a polícia monitorou a central telefônica por meio de escuta. Além de indícios sobre o seqüestro de 12 pessoas em Mauá, conversas sobre assaltos e planos sobre o tráfico no Grande ABC. Um dos planos era uma espécie de consórcio das drogas para a região.

"Eles pretendiam fazer uma vaquinha para trazer 250 quilos de cocaína pura da Colômbia e distribuir no ABC", afirma do delegado Fábio Guimarães. Segundo o delegado, era feita a arrecadação, conhecida como "bicho-papão", entre os traficantes da região ligados ao PCC.

Segundo Guimarães, o comando do PCC em Santo André era um dos mais ativos do Estado. "Com certeza, esse local (CDHU) tinha um papel importante dentro da organização", acredita. Como sinal do poder da facção na região, ele cita o seqüestro de 12 pessoas em Mauá. "Em pouco tempo, eles mobilizaram cerca de 100 pessoas para fazer esse ‘arrastão’", afirma. A possibilidade de que o grupo preso tenha sido responsável pela explosão de uma bomba no mês passado, próxima ao CDP da cidade, não é descartada pela polícia.


Operação – A operação da Polícia Civil na CDHU começou às 15h de quarta-feira. O primeiro membro do PCC foi encontrado às 17h. Entre os 100 policiais que participaram da operação desta quarta-feira no Jardim Santo André, estavam homens do Deinter-6, Deic, Decap, Demacro e Denarc. Durante a ação, uma viatura da divisão Anti-Seqüestro, que dava apoio à operação, colidiu com uma Brasília branca que vinha na contramão, no cruzamento da estrada do Pedroso com a rua dos Dominicanos. Na ocasião, o delegado seccional de Santo André, Luiz Alberto de Souza Ferreira, negou à reportagem do Diário que o PCC tivesse ligação com a ação policial.

Na CDHU, foram encontrados 5 kg de cocaína e um Volkwagen Polo na garagem de Rita e Beto Alemão. Outros nove carros e vários celulares foram apreendidos. Além de Rita, mulher do traficante, foram presos Rafael Delfim dos Santos, 22 anos, Geraldo Roberto de Souza, 31, Jeciton Carlos da Silva, 21, Marlon José de Souza Rosa, 36, André Antônio Carvalho de Campos, 28, Anderson José da Silva, 29, e Fábio de Almeida Rosa, 34.

Quatro deles (André, Marlon, Anderson e Fábio) têm passagem pela polícia. Marlon tem a mais perigosa ficha entre os detidos: foi preso por homicídio, tráfico de drogas e roubo. Os acusados negaram as acusações. Segundo o delegado Fábio Guimarães, por enquanto, os presos responderão por tráfico de drogas, receptação, associação para o tráfico e formação de quadrilha.




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