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Uma família quinhentista em São Bernardo

História do alferes Francisco Martins Bonilha é toda do casal Vicente e Elexina D’Angelo

Por Ademir Médici
05/09/2016 | 07:07
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“Faleceu hoje de manhã, nesta Capital, o respeitável paulista alferes Francisco Martins Bonilha, contando de idade 80 anos mais ou menos. Deixa numerosíssima descendência da qual era venerando patriarca. Sua residência habitual era na Freguesia de S. Bernardo. Nossos pêsames à família do finado.”
Cf. Correio Paulistano, 10-5-1871.

Do título às fotos, a história do alferes Francisco Martins Bonilha é toda do casal Vicente e Elexina D’Angelo. Eles se debruçam sobre o mais influente morador do Grande ABC no século 19, hoje lembrado em dois pontos regionais: a central Rua Alferes Bonilha, em São Bernardo, e o Pico do Bonilha, o ponto culminante do Grande ABC, localizado entre o Montanhão (São Bernardo) e o Pedroso (em Santo André).

Da biografia de Bonilha trataremos amanhã. Hoje focalizamos o texto básico de Elexina. Ela fala da motivação que levou o marido Vicente a estudar a personalidade deste homem tão poderoso da então Freguesia de São Bernardo.

A cidade não guardou este casarão
Texto: Elexina D’Angelo
A genealogia da família Bonilha foi pesquisada pelo Vicente pacientemente, com dados muito confiáveis. A genealogia propriamente é muito longa. São muitos os seus familiares – as famílias eram enormes. Por isso optamos por um resumo com a família direta do alferes.

A pesquisa, nome por nome, cada descoberta vista e revista para confirmação do parentesco, foi baseada no livro Genealogia Paulistana, de Luiz Gonzaga da Silva Leme, e no livro História do Brasil do Frei Vicente do Salvador.

A história da chegada dos Bonilha é aventura impressionante, do tempo das naus semelhantes às de Pedro Álvares Cabral, chamadas de pouco mais que uma casca de noz.

Ao resumir a pesquisa do Vicente, me aprofundei mais no que o Frei Vicente do Salvador escreveu a respeito dos tais corsários. Acabei me interessando pela armada espanhola que aqui chegou e me deparei com um tal Francisco Drake.

Na hora fui confirmar e verifiquei que o Francisco era o famoso Francis Drake, que a pedido de Elizabeth I exterminou a então invencível armada espanhola, mandada à Inglaterra para conquistar aquele país. Fiquei impressionada.

Alferes Bonilha possuía um casarão em São Bernardo. Vicente se recorda que, ainda menino, no fim dos anos 1940, ia sempre de mãos dadas com o pai, José D’Angelo, até lá.

Naquele tempo, funcionava no casarão a agência dos correios. José D’Angelo retirava a correspondência da caixa postal nº 2, da Tecelagem Aída, onde atuava como diretor administrativo. De quebra, Dona Ana, mais conhecida como Valentina, chefe da agência postal de São Bernardo, sempre dava uma prosa com pai e filho.

O casarão do Bonilha foi demolido na primeira metade da década de 1950. A cidade ganhou uma bela praça – a Lauro Gomes –, mas junto com a demolição foi-se uma boa parte da história de São Bernardo.

ILUSTRAÇÃO
Em 2008 fiz uma aquarela mista com nanquim do casarão, baseada numa foto antiga de 1890 (foto original de Eliziário de Lima, descoberta por Paschoalino Assumpção). Guardo o original.

Sou apaixonada por essa história da Hospedaria dos Imigrantes – que também funcionou no casarão demolido. Por isso fiz a pintura.

AMANHÃ
Um marco do Instituto Geográfico e Geológico no ponto onde o alferes Bonilha manteve o seu casarão. E a história quinhentista de um homem poderoso, com terras em vários pontos do Grande ABC, inclusive em Rio Grande da Serra.

Diário há 30 anos
Sexta-feira, 5 de setembro de 1986 – ano 29, edição 6230
Manchete – Conselho Monetário taxa aplicação de curto prazo
Economia – Vendas do comércio caem 11% em agosto.
Catástrofe – Incêndio atinge Serra do Mar, em São Bernardo. Destruídos dois hectares de mata nativa.
São Bernardo – Fechamento de lixão no Alvarenga provoca emergência na Capital
Editorial – Lixo merece tratamento mais sério
Jogos Abertos – Em Rio Claro, Santo André é tetra antecipado.

Santos do dia
Lourenço Justiniano (Veneza, Itália, 1-7-1380 – janeiro de 1456). Bispo de Castelo e o primeiro patriarca de Veneza.
Colaboração: Padre Evaldo César de Souza, CSsR
Bertino
Eudócio
Justiniano
Bv. Teresa de Calcutá

Em 5 de setembro de...
1861 – O presidente da Província, João Jacinto de Mendonça, aprova os estatutos da Sociedade Zeladora da Glória do Ipiranga. Objetivo: a construção de um monumento no campo do Ipiranga, para perpetuar a memória da independência brasileira.
1916 – A guerra. Do noticiário do Estadão: estabelecimento de uma base naval dos aliados no Pireu, cidade portuária da Grécia.
1961 – Fundado o Cartolinha Clube, de Santo André, que brilhou como bloco de Carnaval.
1976 – Scania comemora a fabricação do seu caminhão número 20.000; e lança no mercado a nova série L-111 de caminhões.

Hoje
Dia da Amazônia
Dia do Irmão
Dia do Oficial de Farmácia, instituído por lei federal de 1966. A data marca a primeira convenção da categoria, realizada em 5 de setembro de 1953 na Biblioteca Municipal de São Paulo.

Municípios brasileiros
Celebram seus aniversários em 5 de setembro: Alagoa Nova, na Paraíba; e Porto União, em Santa Catarina. 




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