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Autopeça sofre efeito de crise e maior concorrência
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
16/02/2001 | 00:10
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Os exportadores de autopeças do Grande ABC tiveram em 2000 ligeiro crescimento na comparação com as vendas efetuadas ao exterior em 1999, mas o alto índice de importação prejudicou o resultado da balança comercial do setor. A boa expectativa de expansão foi frustrada pelos problemas internos de seus principais mercados: a Argentina, afetada pela crise econômica, e a Europa, que impôs maior concorrência aos preços brasileiros com a desvalorização do euro. De acordo com os executivos, a balança comercial do setor ficou prejudicada porque além de ter as vendas afetadas, as indústrias brasileiras de autopeças foram pressionadas pela necessidade de importação de componentes e máquinas para produzir itens finais, devido à exigência das montadoras.

“Não foi um ano bom porque sofremos muito com a crise da Argentina”, disse o diretor de marketing do grupo Dana, Luciano Pires. Em números gerais, as três divisões da Dana – Nakata e Echlin (Diadema) e Stevaux (São Bernardo) – tiveram crescimento de 10% sobre 1999 em exportações, que representam 21% do faturamento da empresa. “Também pensamos que a desvalorização do real fosse nos ajudar na Europa, mas a queda do euro afetou as perspectivas”, disse.

Marcelo Ferreira da Silva, gerente regional de exportação da Sogefi, de São Bernardo, disse que as exportações da empresa ficaram estáveis em 17% da produção e 25% do faturamento, conforme as previsões iniciais. “Já esperávamos um ano difícil por causa dos problemas na Argentina e no Equador e pela alta no preço do petróleo (a empresa fabrica componentes injetados de plástico)”. Silva afirmou que as montadoras são as maiores responsáveis pelo déficit na balança comercial do setor de autopeças porque importam muitos componentes.

“Foi um ano de crescimento, mas nada fantástico”, disse a gerente de exportação da Arteb, de São Bernardo, Edna Jewells. Ela ainda não tem números finais, mas estima em 20% o crescimento das vendas em 2000 sobre 1999, principalmente por conta das vendas para a Europa, América Latina e Canadá. O número frustra as expectativas porque era esperado crescimento nas vendas em torno de 40%, depois dos investimentos em novas tecnologias, especialmente para a produção de faróis voltados para o mercado europeu. Além disso, a empresa importou cerca de 20% de seu faturamento global em 2000.

A fabricante de faróis Federal Mogul, de Diadema, dá outro exemplo de quanto as vendas externas, apesar de positivas, perderam para as importações. A empresa investiu US$ 2 milhões em novos equipamentos e produtos importados e exportou para Mercosul e Europa US$ 500 mil em 2000.

O empresário Laércio Reverte, da Metalúrgica Jardim, de Mauá, disse que mesmo para uma fábrica de estamparia há exigências de importação, embora para cada R$ 1 milhão em exportação, sua empresa importe apenas R$ 300 mil. “Sem dúvida, as empresas importam mais do que nunca por causa do lançamento de carros importados. Mas neste ano as coisas devem mudar porque estes modelos deverão ser nacionalizados”, disse.




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