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Aulas de violino levam sonhos e diversão à escola em Diadema

Professor da EE Orígenes Lessa, em Diadema,
desenvolve ação com 40 crianças entre 10 e 12 anos

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
29/06/2015 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Os livros didáticos cedem espaço às partituras; as perguntas, respostas e explicações dão lugar a uma sinfonia e o refeitório se transforma em sala de ensaios. Todo sábado, a EE Orígenes Lessa, localizada no Jardim Santa Elizabeth, em Diadema, deixa a rotina diária de lado para oferecer aprendizado de um dos instrumentos de maior sutileza: o violino.

A atividade é levada gratuitamente pelo professor de Física do Ensino Médio Luciano Pereira da Costa, 39 anos, a 40 crianças com idade ente 10 e 12 anos, em parceria com o Programa Escola da Família – que abre as portas das unidades do Estado à comunidade aos fins de semana. Nem todos os participantes são estudantes do local.

Envolvido com a música desde a infância, atuando na igreja evangélica que frequenta, o docente desejava estender seu amor ao âmbito escolar. “Todo mundo reclama que o aluno tem que ser mais participativo, mas se não for uma coisa alegre, dinâmica, que corresponda com a faixa etária, ele não vai participar. Então, pensei em algo voltado à música”, relata.

Embora ele toque saxofone, o instrumento escolhido para lecionar foi o violino. “É o único que dá para emprestar, sem problema de higienização. No caso da flauta, por exemplo, cada pessoa tem que ter a sua”, justifica.

Plano em mente, Costa pediu para a diretora da unidade, Angela Maria Brasília Henriques, 50, a cessão de um espaço da escola para executar o projeto. Inicialmente, ela achou a ideia ousada. “Achei loucura, pois violino é um instrumento caro. Eu disse para ele: ‘Não é algo que as crianças vão adotar, elas não vão querer’. Ele insistiu e disse que iria atrás dos violinos”, lembra.

A dirigente imaginava que o professor levaria certo tempo para conseguir uma pequena quantidade de instrumentos. No entanto, para sua surpresa, 20 dias depois ele apareceu com 40 exemplares, doados pela igreja evangélica Cristo Pentecostal, instalada na Vila Nogueira, também em Diadema. O modelo mais barato custa R$ 300, mas, com desconto, foi possível adquirir cada equipamento por R$ 250.

As aulas, com duração de duas horas, começaram no mês passado. Tudo é improvisado: as estantes para apoiar as partituras, por exemplo, são cases do violino amarrados com barbante. “Até esses dias, o professor fazia uma lixeira como estante. Meu marido viu e deu uma de presente para ele. Estamos atrás de parceiros que possam doar para os alunos”, fala Angela.

O projeto foi batizado de POP (Preciosa Orquestra Popular) e terá oito níveis de aprendizagem, que devem ser concluídos em três anos. Ao término de cada etapa, haverá uma formatura – a primeira prevista para agosto. “A gente desenvolve as habilidades motora, auditiva, rítmica e a percepção musical do grupo. Elas aprendem também a ser mais independentes e disciplinadas”, ressalta Costa.

Na aula, a atenção às instruções do professor é total. Samuel Pereira de Oliveira, 12, segue à risca as orientações, afinal, encontrou no violino mais que um hobby. “Minha intenção é seguir carreira”, projeta.

Mais do que talentos, o professor, por meio de seus ensinamentos, formará também bravos guerreiros. “Em tempos de guerra, a música marca a marcha de um exército que não tem medo do que virá”, conclui Costa. 




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