Cerca de 20 mil metalúrgicos de São Bernardo participaram, na manhã de ontem, das mobilizações contra o Projeto de Lei 4.330, que permite a terceirização de todas as atividades de uma empresa. Durante a manifestação, os trabalhadores da Volkswagen, Mercedes-Benz, Scania e Ford cruzaram os braços e fecharam a Via Anchieta em frente a essas fábricas. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, chamou a atenção dos operários para a gravidade de aprovar um projeto que precariza o emprego. “O clima entre os empregados é de greve geral contra esse desmonte que querem fazer dos direitos dos trabalhadores”, afirmou.

Os funcionários da Mercedes compareceram ao protesto, mesmo estando em licença-remunerada. Na Volkswagen, uma réplica da carteira de trabalho foi queimada para chamar a atenção para a gravidade do projeto. O secretário-geral do sindicato, Wagner Santana, pediu que todos os metalúrgicos fiquem atentos às orientações dos comitês sindicais nas fábricas para a realização de mais atos de protesto nos próximos dias.

ADIAMENTO - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou na noite de ontem o adiamento da apreciação do Projeto de Lei 4.330/2004, que regulariza a terceirização no mercado de trabalho do País. A apreciação de 12 emendas em plenário mudando substancialmente o texto-base aprovado na semana passada gerou confusão generalizada entre os partidos e até dentro das bancadas. Um dos trechos polêmicos é o que permite a terceirização de qualquer atividade, não somente as atividades-meio.

Lideradas por PSDB e PT, as legendas convenceram Cunha a adiar a votação até o dia 22. Ele convocou reunião de última hora e voltou anunciando o acordo. “O entendimento (de líderes) será pela aprovação simbólica do requerimento de retirada de pauta (apresentado pelo PSD) e a votação volta na sessão ordinária de quarta-feira.”