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Academia de DJs
Por Por Marcela Munhoz
Do Diário do Grande ABC
16/01/2011 | 07:00
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Se a música não está legal, a balada não rola. A pista esfria e todo mundo sai de fininho. O contrário também funciona: música bacana é sinônimo de pista bombando. E o DJ é o responsável por isso. "A verdade é que dá trabalho, mas é um trabalho gostoso, que levo muito a sério", declara o DJ Marc, profissional megarrespeitado no meio.

E quem não quer oferecer diversão aos outros e ao mesmo tempo se divertir? É por isso que tem aumentado, e muito, o número de interessados em aprender as técnicas. Os cursos especializados viram uma loucura nas férias. Não há como negar que ser DJ está na moda. O grande barato é que não há idade para comandar uma turn table (mesa com todos os equipamentos necessários). O que conta é o amor pela música, além de talento.

Não faz nem um ano que Guilherme Costa, 13 anos, terminou o curso de DJ e já ficou entre os finalistas de uma competição em São Bernardo. Nem a timidez atrapalhou. "Na hora eu só pensei em tocar", conta o garoto, que sempre curtiu música eletrônica.

Guilherme fez 18 horas de curso na Ultra Dee Jays, escola de São Bernardo. Lá os alunos têm apostila e aprendem a mexer com todo tipo de equipamento, entendem a diferença entre tocar em eventos (como casamento, formatura e festa de 15 anos) e baladas, recebem dicas de mixagem etc. "Poucos não conseguem seguir em frente, mas alguns se destacam, têm talento", conta o professor DJ Diego Mello.

E quem pensa que DJ só remixa techno, está enganado. Qualquer tipo de música pode ganhar roupagem novinha em folha nas mãos dessa galera. "Cada um tem um estilo, mas respeitar o público é muito importante. Além disso, pagando bem, que mal tem?", brinca DJ Vinaka. Victor Nakamatsu, 16, de Mauá, fez sua estreia em pista durante uma balada com 2.000 pessoas. "Deu nervoso, mas foi legal."

Já Luiz Russo (DJ Stuart), 17, de Santo André, não teve a mesma sorte. Ele dividiu a mesa com um amigo, e os dois se atrapalharam na hora. "A música acabou parando, rolou até vaias. Foi tenso." É complicado também quando o público pede para tocar determinada música, especialmente em casamentos e festas particulares. "Às vezes, podemos, outras não. Fica chato explicar isso para a pessoa", diz Carlos Eduardo Portilho (DJ Carl Eport), 17, de Mauá.

Apesar de ter crescido bastante o número de interessados, a profissão ainda não é reconhecida. O ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva vetou, em dezembro, projeto aprovado pelo Congresso que regulamenta a profissão de DJ. A proposta é de autoria do senador Romeu Tuma (morto no ano passado), que a apresentou em 2007. Os ministérios do Trabalho, da Justiça e da Cultura foram favoráveis ao veto presidencial. "Por isso sempre recomendo aos meus alunos que façam faculdade", diz o professor e DJ Diego Mello.

Meninas no comando

Cada vez mais, o comando das baladas está com as meninas. Mandam bem e têm charme especial. "Adoro usar salto, batom e unhas vermelhas", conta Nanny Borguetti, 16, a DJ Nanny, de Mauá. Já foi convidada várias vezes para animar festas. "É preciso ter concentração, mas adoro interagir com o público, faz parte da diversão." Tanto ela, quanto Andressa Sbrana, 16, Santo André, conheceram os respectivos namorados trabalhando. "Chama a atenção. Fica-se em destaque na balada, não tem como."

A atividade ainda rende legal. Iniciantes, em geral, recebem R$ 100 por evento ou até fazem de graça para ganhar experiência. O profissional pode embolsar R$ 3.000. O cachê sobe na proporção que o nome passa a ser reconhecido. Famosos podem faturar R$ 40 mil.A dupla Gustavo Ricci, 15, e Lucas de Lima, 15, de Santo André, chega a tirar R$ 600 por matinê. "É legal poder ganhar se divertindo", diz Gustavo. Para Lucas, ver os amigos no público é ainda mais recompensador. "Adoro. Quero virar profissional."

Ator curtiu discotecar

Antes de protagonizar Pedro na Malhação, Bruno Gissoni, 23, só se ligava nas músicas que tocavam na balada por diversão. A história mudou quando foi convidado para interpretar um DJ na trama. Passou a acompanhar de perto a profissão. "Sempre tive curiosidade de saber como trabalhavam. Dei sorte", conta.

Para se preparar, Bruno recebeu ajuda de dois DJs. "Eles me deram noção e a partir daí passei a desenvolver o personagem", conta ele, que assistiu a vídeos e começou a prestar atenção no trabalho dos profissionais nas festas. O papel na trama lhe rendeu um hobby na vida real. "Já toquei numa festa com a supervisão de um profissional. Se fizesse besteira, ele estaria lá pra consertar. Mas o repertório era meu."

Bruno acredita que é o máximo ter o poder de dar alegria às pessoas, embora seja cansativo trocar o dia pela noite. "O Pedro sofre para conciliar esse trabalho com as aulas", lembra o ator, que considera animada a balada que toca Black Eyed Peas.

A tarefa não é fácil, mas vale a pena. Confira dicas:

"Ser DJ não é só diversão. É preciso ter olhos e ouvidos ligados o tempo todo na mesa e ainda ficar um tempão de pé. Tomar água e fazer xixi, só de vez em quando", pontua o DJ RM, que venceu a etapa nacional do maior concurso de DJs (o DMC) e ficou entre os finalistas no mundial. Se o volume for muito alto, a audição também acaba prejudicada.

Mesmo assim é uma profissão legal, tanto que algumas celebridades estão pagando de DJ, como o ex (ou atual?) namorado da Madonna, Jesus Luz. Os profissionais de verdade concordam: tem gente que é puro marketing. Então, a primeira dica para quem pretende se dar bem na carreira é não deixar o sucesso subir à cabeça. Confira outras:

- Pesquise o máximo que puder na internet. A rede é cheia de tutoriais e cursinhos rápidos. Também disponibiliza programas que simulam uma mesa de som.

- Se tiver grana, invista em um curso profissional.

- Treine o que aprendeu em festas da escola e da família.

- Programe o set list, mas sempre leve material a mais para não ser surpreendido.

- Tenha uma lanterna à mão.

- Preste atenção na pista, sinta o que a galera quer ouvir.

Onde aprender?

- Os cursos gratuitos de DJ Hip Hop e DJ Casa Noturna, oferecidos pela Prefeitura de São Bernardo, rolam entre os dias 15 e 25 de fevereiro. Para participar é preciso fazer inscrição no Centro da Juventude (Avenida Redenção, 271, portaria 23, tel.: 4356-4143). Leve documento com foto, comprovante de residência e comprovante escolar. É preciso ter entre 14 e 29 anos e morar em São Bernardo.

- Na escola Ultra Dee Jays (Avenida Kennedy, 245, sala 6, São Bernardo) o curso é de 18 horas e custa R$ 400 (com apostila e certificado). O segundo campeonato organizado pela escola está programado para abril. Informações: 4123-2862; www.ultradjs.com.br




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