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Santo André volta a
sofrer com falta d'água
Por Camila Brunelli
Do Diário do Grande ABC
12/02/2011 | 07:10
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Cerca de 500 mil pessoas ficaram sem água em Santo André nos mais diversos bairros. E, novamente, segundo o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), foi por causa de uma falha na Estação Elevatória de Sapopemba da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

Há menos de um mês, mais de 80% da cidade estava sem água nas torneiras por conta de problemas nesta mesma estação. Daquela vez, a justificativa do Semasa e da Sabesp era uma pane elétrica que havia atingido a estação. Houve bairros que ficaram sem água por até dez dias.

Desta vez, a autarquia informou, em nota, que "a cabine primária da Estação Elevatória de Sapopemba da Sabesp registrou superaquecimento na noite de quinta-feira, desligando todas as suas bombas de abastecimento".

Já a Sabesp culpa a Eletropaulo, uma vez que justifica a parada com falta de energia elétrica. A companhia afirma que, "por volta das 19h do dia 10, houve uma oscilação de energia, que provocou a parada da estação e, posteriormente, um defeito em um disjuntor. A estação voltou a funcionar por volta das 19h30. Mais tarde, a elevatória foi afetada pela falta de energia elétrica, que durou das 23h às 23h45."

O Semasa prometeu a normalização do abastecimento da cidade para hoje. "Cada um fala uma coisa, e a população é que paga", disse a dona de casa Luci Zocarato, 48 anos, que tem uma resposta diferente cada vez que liga no telefone de atendimento do Semasa. "Aqui eu estou tendo de escolher se cozinho o almoço ou a janta. Meu filho foi para a faculdade e eu tive que comprar alguma coisa para ele almoçar." Moradora do Jardim Utinga, ela estava revoltada porque já ficou sem água duas vezes, em menos de um mês. "Será que vai ser assim o verão todo?"

MEDIDAS
Ao Diário, a autarquia municipal, responsável pela distribuição da água na cidade, informou que está tomando providências para "amenizar as falhas no abastecimento de água ocorridas na cidade nos últimos dias". A medida, segundo o Semasa informou em nota, é reduzir a dependência da Sabesp - uma vez que atualmente o Semasa produz apenas 6% da água consumida na cidade; o restante é comprado da Sabesp.

A autarquia informou que pleiteia junto ao governo federal recursos para a construção de uma ETA (Estação de Tratamento de Água), que abastecerá 25% do consumo na cidade. O projeto foi apresentado por meio do programa federal Saneamento para Todos - o financiamento pode chegar a R$ 50 milhões. O Semasa possui, desde 1997, uma autorização do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) para captar água da Represa Billings, na região do Parque do Pedroso, local onde a ETA será construída.

Procon orienta moradores que se sentem lesados

A diretora do Procon de Santo André, Ana Paula Satcheki, explicou que o número de reclamações sobre falta d'água que chega ao seu conhecimento ainda é muito pequeno se comparado, por exemplo, com o número de consumidores insatisfeitos com o serviço prestado pela AES Eletropaulo.

"Estamos tentando agendar uma reunião com representantes da Eletropaulo há muito tempo, para que possamos achar a melhor forma de resolver isso", Ana Paula disse que o maior objetivo do Procon é equacionar o problema da melhor forma.

Ela disse que vai investigar qual foi a oscilação do volume de reclamações sobre falta de água nos últimos meses, para buscar a origem do problema. Os consumidores que se sentirem lesados devem ligar no 4992-7174, ou comparecer ao posto do Procon mais próximo.

Louça suja acumula sobre as pias

Moradora do Jardim Ana Maria, a dona de casa Glória Lima de Sousa, 67 anos, acumula louça suja na pia. "Espero que a água volte de madrugada, mesmo. Não tenho mais água para nada."

Essa era a situação de vários bairros de Santo André, ontem. No Jardim Alzira Franco, a aposentada Dirce Jordão, 63, faz todo dia a mesma coisa: acorda e sobe as escadas para verificar no registro se tem água. "Falta água pelo menos três vezes por semana aqui." Na manhã de ontem, ela deu um basta a essa situação: resolveu comprar uma nova caixa-d'água, com capacidade de armazenar 1.000 litros. Pagou R$ 229. "A gente já tem uma caixa desse tamanho, mas são seis pessoas e mais uma criança de 1 ano e 8 meses. Se a gente lava roupa e toma banho no mesmo dia, já acaba nossa reserva."

Da última vez que faltou água por mais de três dias, Dirce recorreu ao reservatório da casa de sua falecida mãe - o imóvel está a venda - para pegar água para cozinhar e tomar banho. A família já se acostumou com a intermitência de água na região. Quando a casa está abastecida, eles enchem todos os baldes que podem. "A gente toma banho em cima de uma bacia, e a água que fica eu jogo no vaso sanitário. Já peguei água da chuva, também, para jogar no quintal."

O marido, cansado da mesma história há 40 anos (tempo que moram lá), já desistiu e quer vender a espaçosa casa da Rua Guaratinguetá. "Eu sempre dou pra trás. Fico falando pra ele que uma hora vai melhorar."




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