Política Titulo Terceiro embate
Após baixaria, Dilma
e Aécio focam propostas

Debate na Record é marcado por discussões
de problemas do Brasil e projetos para futuro

Por Raphael Rocha
Leandro Baldini
20/10/2014 | 07:00
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Montagem/DGABC


Três dias depois de debate de baixo nível protagonizado no SBT, os candidatos à Presidência da República Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) fizeram o embate mais propositivo do segundo turno, na noite de ontem, na Rede Record. Em uma hora e 45 minutos de discussões, petista e tucano rapidamente exploraram denúncias de corrupção e optaram por detalhar projetos e comparar governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB, de 1995 a 2002) com as gestões petistas de Luiz Inácio Lula da Silva (2003 a 2010) e Dilma (iniciada em 2011).

Em quatro blocos, a candidata à reeleição e o senador mineiro trataram sobre Segurança pública, Saúde, Educação, infraestrutura e condução da economia.

Escândalos de PT e PSDB foram colocados em pauta no fim do primeiro bloco, quando Aécio mais uma vez citou depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e admissão pública de Dilma de desvio de dinheiro público na estatal. “Um dos denunciados é João Vaccari Neto (PT), tesoureiro de seu partido. A senhora confia nele? Hoje ele exerce cargo em Itaipu, tem crachá e assina documentos. Não acredita que possa haver algo? Faltou governança na Petrobras.”

A petista lembrou que a delação premiada do ex-funcionário da empresa mostrou pagamento para o ex-presidente nacional do PSDB Sérgio Guerra, que morreu em 2013, para enterrar CPI no Congresso. Dilma elencou série de denúncias no governo de FHC, como suposta compra de votos no Congresso para aprovação de projeto de lei que garantia a reeleição, e acusou o PSDB de fomentar o arquivamento de investigações incômodas a aliados. “Minha diferença para você é que mandei investigar”.

Aécio rebateu. “A senhora não mandou investigar nada. Triste é um país cujo presidente tem de mandar investigar. Isso só acontece em ditaduras amigas do seu governo”, disse, sendo aplaudido por militantes tucanos no estúdio. Como contragolpe, Dilma recordou de apuração de suposto desvio de R$ 7,6 bilhões na Saúde quando o adversário governava Minas Gerais. “O conselheiro Sylo Costa, do Tribunal de Contas de Minas, assim definiu suas finanças: ‘É duro engolir que vacina para cavalo seja despesa em Saúde’.”

Após o momento de ataques, candidatos voltaram ao tom propositivo do debate, visto no início da discussão. Aécio tornou a classificar como “descontrolável” a inflação na gestão da adversária, emendando com comparações com países vizinhos ao Brasil. “Peru, Chile e México têm crescimento econômico, com taxas de inflação e de desemprego baixa. No Brasil, estamos em recessão técnica.”

Dilma discorreu que os índices estão “sob controle”, que passam por momentos de instabilidade, mas que “os preços voltarão ao seu patamar original”. “A história que o senhor defende é conhecida, de levar a inflação para 3%, triplicar a taxa de desemprego e subir os juros. O cozinheiro é o mesmo: Armínio Fraga. A receita é a mesma: recessão, recessão, recessão. O resultado só pode ser o mesmo: arrocho salarial e altas taxas de desemprego.”

Aécio também listou série de obras públicas conduzidas pelo governo federal atrasadas, como a Transnordestina, a Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e o trem-bala que ligaria São Paulo ao Rio de Janeiro. “A maioria das obras anunciadas pelo seu governo está no meio do caminho e com sobrepreço. Isso é preocupante”. A presidente destrinchou a construção do centro administrativo liderada pelo tucano à frente da gestão em Minas Gerais. “Estava orçada em R$ 500 milhões e custou R$ 1,1 bilhão. Para quem tem como principal obra esse centro administrativo, o senhor é bastante ousado nas críticas.”

Por diversas vezes o senador mineiro acusou o PT de querer se apropriar de “programas para os brasileiros” e de informar números “inverídicos” a respeito de sua administração de oito anos em Minas Gerais. No fim, foi aplaudido pela militância presente no auditório da Rede Record e viu Dilma receber sonora vaia dos espectadores tucanos.

Lideranças exaltam tom ameno adotado

Caciques que apoiam os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) destacaram a mudança de postura dos candidatos à Presidência da República no debate promovido pela Rede Record, em clara alusão ao tom de ataques pessoais visto no embate do SBT, na quinta-feira.

Presidente nacional do PT, Rui Falcão disse que a petista apresentou segurança e que o porte atrapalhou os planos do rival do PSDB. “Ela esteve muito precisa em abordar sobre as realizações do governo do PT. E o Aécio não consegue responder no comparativo o quanto nossa gestão melhorou a vida dos brasileiros”, celebrou.

Candidato a vice na chapa encabeçada pelo senador mineiro, Aloysio Nunes (PSDB) creditou a elevação no nível do debate à falha de estratégia da adversária. “Ela percebeu que o tiro saiu pela culatra e veio mais leve. No entanto, quando se fala da Petrobras e o desastre que fizeram, ela fica mais nervosa, sem conseguir responder”, alfinetou.

Antes do debate, Dilma e Aécio optaram por táticas diferentes. Enquanto a chefe da Nação não quis conversar com jornalistas e rapidamente se concentrou ao lado de assessores e marqueteiros em camarim à disposição, Aécio prospectava: “Estou sereno e pronto para fazer debate propositivo para o Brasil. Vou falar de futuro.”

O tom mais ameno adotado pelos candidatos se refletiu na plateia. Mas, quando o assunto corrupção foi trazido à mesa, ânimos se exaltaram.

No segundo bloco, Aécio afirmou que o atual governo fica satisfeito ao ser comparado com países cujas ideologias são consideradas autoritárias. Na sequência, presidente Dilma disse que a empresa “simbolizava orgulho dos brasileiros”.

Entre os presentes estavam os tucanos José Serra, Geraldo Alckmin e Tasso Jereissatti e os petistas Aloisio Mercadante, José Eduardo Cardoso, Eduardo Suplicy e Jacques Wagner.


Petista elogia tucano em inserções nos intervalos

O PSDB estreou na noite de ontem propaganda eleitoral com frases de Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição à Presidência da República, tecendo elogios a Aécio Neves (PSDB), concorrente no segundo turno.

Em todos os intervalos comerciais do debate promovido pela Rede Record, as inserções tucanas traziam declarações elogiosas de Dilma, então ministra-chefe da Casa Civil ou ministra de Minas e Energia do governo Lula.

A hoje presidente classificou como “excelente” a condução política de Aécio à frente do governo de Minas em entrevistas de 2007. As declarações foram repetidas à exaustão pela campanha do PSDB.

“Você quer saber o que Dilma acha de Aécio?”, indagava o locutor, antes de apresentar frases da petista enaltecendo a administração do atual adversário na corrida presidencial.




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