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Com HC ocioso, S.Bernardo quer outro complexo de grande porte

Hospital de Clínicas tem espaço de sobra, mas Paço abre licitação para ter unidade de urgência

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
14/05/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Enquanto o Hospital de Clínicas de São Bernardo, entregue em dezembro de 2013, opera com apenas 12% de sua capacidade para cirurgias, o prefeito Luiz Marinho (PT) deu início nesta semana a processo para erguer outro complexo hospitalar na cidade. Cinco anos após a Prefeitura realizar as primeiras audiências públicas, o Executivo abriu licitação para escolher a empresa que irá transformar o PS (Pronto-Socorro) Central em hospital de urgência. Ou seja, a cidade, que já tem um elefante branco ocioso, pode ter um segundo.

A expectativa inicial era de que o complexo fosse entregue para a população em 2012, junto com o Hospital de Clínicas, que também sofreu atraso e, dois anos depois da inauguração, em 23 meses (entre dezembro de 2013 e outubro, último dado fornecido pelo governo), cumpriu somente 12% do total de procedimentos cirúrgicos prometidos. O gasto no período foi de R$ 124 milhões.

O início do trâmite para a construção da unidade de urgência ocorreu na quinta-feira, após a Prefeitura convocar por meio do Diário Oficial empresas interessadas em executar o projeto. De acordo com a administração municipal, as propostas devem ser recebidas até o dia 1º de julho, quando todas serão abertas para seleção do vencedor.

A retomada do projeto para construção do hospital de urgência ocorreu um dia após a União liberar mais um financiamento externo para São Bernardo, a segunda transação do tipo que o governo federal autorizou para a cidade em período de seis meses.

Conforme o Diário noticiou na quinta-feira, a União liberou nesta semana empréstimo solicitado em setembro de 2013 por São Bernardo. Trata-se de financiamento externo na ordem de US$ 59 milhões (aproximadamente R$ 207,6 milhões na cotação de ontem do dólar), cujos recursos destinam-se ao financiamento parcial do Programa de Fortalecimento do SUS (Sistema Único de Saúde).

Na publicação feita no Diário Oficial, a Prefeitura de São Bernardo informa que “pretende aplicar parte dos recursos desse empréstimo para pagamentos no âmbito do contrato para obra de construção do Hospital de São Bernardo.” Entretanto, questionada sobre a quantia que será investida nessas intervenções, a administração municipal não respondeu.

No Hospital de Clínicas, foram investidos R$ 240 milhões dos cofres municipal, estadual e federal (29% a mais que o orçado inicialmente), sendo que a média de custeio mensal seria de R$ 7 milhões (70% do aporte por conta da União) quando atingida a plena capacidade, o que ainda não aconteceu.

PROJETO

O projeto prevê a transformação do PS Central de São Bernardo, localizado na Rua Joaquim Nabuco, 380, em novo edifício com sete pavimentos e 266 posições, sendo 226 leitos e 40 poltronas, conforme proposto pelo edital da Secretaria de Saúde. A estrutura será dividida em cinco áreas de atuação: pronto atendimento, serviços e apoios diagnóstico e terapêutico, cirúrgico, pedagógico e internação. A expectativa é que o hospital seja entregue em dois anos.

Atualmente sem suporte do Hospital de Clínicas, o PS Central de São Bernardo é alvo constante de reclamações. Com sistema sobrecarregado, pacientes são obrigados a receber atendimento precário em corredores e alas lotadas. “Hoje (ontem) por milagre está tranquilo aqui, mas sempre que meu pai precisa ficar internado é um tormento. É muito lotado, todo mundo da cidade migra para cá”, relata a doméstica Rosângela Figueiredo da Silva, 44 anos.

Para o pedreiro Joaquim Lopes, 57, a situação mais alarmante é na internação da unidade. “Se internar aqui é um teste de sobrevivência. Sempre trago meu amigo com o coração na mão.” 




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