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Amigo de Lindemberg vai
a júri hoje em Santo André

Motoboy foi preso no ano passado por matar ex-mulher com
11 facadas na frente do filho do casal, hoje com quatro anos

Por Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
25/09/2012 | 07:00
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Começa hoje no Fórum de Santo André o júri popular do motoboy Robson Muriel dos Santos, 26 anos, acusado de matar a ex-mulher, Beatriz da Silva Costa, 19, com 11 facadas na frente do filho do casal, hoje com 4 anos, em outubro.

Santos era amigo de Lindemberg Alves Fernandes, 25, condenado em fevereiro a 98 anos de prisão pela morte de Eloá Cristina Pimentel, 15, em outubro de 2008. O motoboy, inclusive, seria arrolado como testemunha de defesa no julgamento e chegou a dar depoimento à polícia na época. Ambos trabalhavam juntos, jogavam futebol no mesmo time de várzea e moravam no mesmo prédio no Jardim Santo André.

Aos policiais civis do 3º DP (Vila Pires) da cidade, onde o caso foi apurado, Santos chegou a revelar que Lindemberg foi "uma inspiração" na hora de decidir matar a ex-mulher, insatisfeito com a separação.

A expectativa é de que o cenário e a condenação exemplar se repitam hoje. Assim como no julgamento de Lindemberg, a juíza e a promotora serão Milena Dias e Daniella Hashimoto, respectivamente.

"É um alívio vê-lo sendo julgado, mas é muito pouco do que ele merece. A gente fica com raiva de não poder fazer nada", desabafou a mãe da menina, a dona de casa Antonia Isabel da Silva Costa, 50.

Como forma de protesto, a família mandou produzir 100 camisetas com a foto de Beatriz e a homenagem escrita pelo pai da garota, Ricardo, dias após a tragédia. Mas o número de familiares e amigos que prometem comparecer ao fórum é muito maior, segundo ela.

Sinal da indignação da tragédia ocorrida no dia 10 de outubro. Esquecer o ocorrido, claro, não é possível para Antônia, que ainda tenta recuperar suas forças. O menino, que testemunhou o crime, ainda passa por tratamento com psicólogo e começou a frequentar a escola. Ela e o marido ganharam a guarda provisória da criança. "Ele já me chama de mamãe", completou.

Antônia conta que sempre soube que o ex-genro era violento. Tanto que proibiu o relacionamento. Mas não esperava que Santos fosse capaz de fazer algo do tipo. "Por conta das ameaças que ele fazia, a Bia não nos contava que apanhava. Ninguém esperava que ele fosse matá-la. Quem ama não tira a vida."

Na casa do Jardim Ipanema onde ocorreu o crime, não há fotos de Beatriz. Uma opção da família para tentar superar a tragédia. No aniversário do menino, em maio, um DVD foi exibido com imagens da jovem grávida e com o menino ainda bebê. "Tem gente que consegue ver quem já se foi. Como não consigo, só me resta conversar com ela nos meus sonhos", disse a mãe, emocionada. "Até hoje penso nela. Escuto barulho na porta e acho que é a Bia voltando. Não tem como superar algo assim."

‘Papai pegou a faca e fez assim na mamãe'

A frieza com que o menino, então com 3 anos, relatou o crime aos policiais assusta. "Papai chegou sem sapatos, pegou a faca e fez assim na mamãe", disse o menino, imitando os movimentos do braço para trás e para frente. Foram 11 golpes, dez deles no pescoço e um no pulmão. Beatriz morreu na hora.

Santos não aceitava o fim do casamento, que durou um ano. Desesperada, a jovem revelou aos familiares o terror que vivia em suas mãos: apanhava, era ofendida. O motoboy chegou a comprar arma e a exibia com orgulho contra a mulher que dizia amar.

Após deixar o emprego de recepcionista por conta das ameaças, vivia chorando.

 




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